Um Conto muitos Escritores

O texto de hoje foi produzido por 13 leitores do #clubedalc. Este é um clube de leitura conjunta administrado pela Nely e pela Valéria. A proposta delas foi: cada um tem 5 minutos para dar continuidade na história. 

Foi muito divertido! Enquanto um escrevia, os demais ficavam ansiosos e com medo de chegar a sua hora, e também ficavam elaborando histórias mirabolantes. No final das contas, saio este conto bem bacanudo. Confere:

 "Agathaverso, versão extendida"

Era sexta à noite, Agatha estava sentada na cama com seu velho e bom vinho pronta para ver um filme. Estava me dúvida entre Hereditário e Arraste-me Para o Inferno , mas já estava se sentindo um pouco sonolenta, talvez fosse porque já estivesse na metade da garrafa. Foi quando ouviu um barulho estranho na sala. Ela pensou que poderia ser sua amiga voltando mais cedo de viagem, o que seria pouco provável. De repente um barulho de algo quebrando no chão.

Ela coloca sua taça sobre o criado e vai pisando devagar até a sala ver o que tinha acontecido. - Acho que ouvi mesmo um barulho.. Ou to ficando louca?
Ao chegar na sala ela verifica que a janela estava aberta, o possivelmente fez com que a cortina derrubasse o vaso a sua frente.

- Ah não acredito! Agora vou ter que limpar toda essa bagunça! - resmunga Agatha para si mesma

Quando ela se vira para ir até a cozinha pegar a vassoura dá de cara com um homem parado a sua frente.

- Tom! Que susto! O que vc ta fazendo aqui em casa essa hora?? - Agatha da um pulo deixando cair sua taça que se estilhaça no chão.

- Desculpa Tha. Não quis te assustar - diz ele agachado começando a pegar os cacos do chão - Eu esqueci minha chave no trabalho ai passei aqui pra saber se eu poderia matar o tempo até Danilo chegar em casa para abrir pra mim. Como a sua porta estava aberta eu entrei. 

- Ah.. ta. - Ela assente com a cabeça ainda tentando controlar a taquicardia e começa a refletir se realmente tinha deixado a porta aberta. Ela não costuma fazer isso. Não desde o que aconteceu naquela última noite de 4 de julho.

As ruas do seu bairro estão movimentadas por causa do tão esperado feriado da independência, famílias comemorando em suas casas, jovens fazendo festas na rua e a Agatha escolheu ficar em casa para curtir o feriado e aproveitar para por os trabalhos da faculdade de direito em dia. 

Eram 23 horas quando Agatha resolveu encerrar os trabalhos e ir para um banho de espuma com seu livro de suspense e seu vinho, quando estava se preparando para entrar na banheira, escuta um barulho estranho em seu apartamento, ela resolve ir ver o que é porém antes pega o secador de cabelo para se proteger do provável intruso. Chegando na cozinha se depara com uma mensagem escrita com ketchup em sua bancada. “EU VEJO VOCÊ”

Assustada, Ela se apressa em verificar se a porta está trancada. Depois corre para ver se há alguém a espreita na janela, mas oras, ela mora no oitavo andar! A menos que fosse um operário pendurado. Tudo que ela vê é o movimento nas ruas das comemorações. Azul, vermelho, as cores das festa.

Vermelho, putz! O catchup! Ainda munida de seu secador, torcendo internamente pra não precisar usá-lo pois esperou três meses para que ele chegasse.

-Ah, essas compras do Ali, Express! _ Foco, Agatha, foco. Você tem um possível invasor para capturar.

Porta principal checada, janelas idem. Mas faltava ainda a saída da área de serviço ...

Andando, com as mãos tremendo, abri a maçaneta, e lá estava outro bilhete, já estava ficando cansada desses bilhetes, estava escrito " eu vejo você, andando na rua com a cabeça baixa, bebendo vinho por estar sempre sozinha e vejo vc agora, com seu pijama azul claro, vamos brincar? Quem sou? " 

Agora a coisa ficou séria, quem era? Como ele entrou aqui? De repente a porta bate e começo a ficar desesperada, pois, quem iria querer brincar comigo desse jeito? Isso era apenas uma brincadeira? Eu que era viciada em filmes de terror, de de repente estou vivendo um, e pode ter certeza que não vou ser aquelas mocinhas que ficam berrando " tem alguém aí"? Se vc quer brincar, então vamos brincar!

Em um instante repassou na mente todos os possíveis suapeitos que poderiam estar por trás dos bilhetes, o Homem de olhar estranho que sempre era um pouco gentil demais com ela.

O amigo do trabalho parecia ser gentil de mais com ela...

Abrindo a porta, a cena a sua frente fez descer um arrepio pela sua espinha... Uma visão de dor e morte...

Um voz lhe trouxe de volta ao momento presente, e ela tentou deixar os fantasmas do passado enterrados por mais alguns momentos...

Ela tinha certeza que tinha trancado a porta, mas também tinha certeza que pendurou a toalha depois do banho e quando chegou em casa ela ainda estava em cima da cama. 

E era Tom, que conhecia a vida inteira, seus pais eram melhores amigos e vizinhos, não teria por que desconfiar dele. Até passaram para a mesma universidade, olha que coincidência. Eram quase gêmeos.

Mas que ela tinha trancado a porta, tinha.

- Tom, por que não está na rua se divertindo. Você adora uma festa? 

- Não estou em clima para festas.

- Você? O que houve?

- Nada.

- Você está estranho?

- Você não me conhece.

Aquele ali definitivamente não é o Tom que eu conheço, tinha alguma coisa errada. 

Suspeitando que algo muito estranho pudesse estar afligindo seu amigo de longa data, Agatha convida Tom para verificar se Danilo já chegou para abrir a porta quando vão se encaminhar para o corredor, há um movimento atrás dela, que leva um susto e acaba derrubando um vaso com flores murchas que estava sobre a mesa. 

Quando vê, é sua amiga que chegou de viagem,mas no mesmo instante seus olhos são atraídos por algo que apareceu quando o vaso quebrou- se. "Ah não...outro bilhete!!" Pensa ela, já cansada dessa palhaçada.

A cena a leva de volta para aquele dia, tantos anos atrás. Um dia que ela fez de tudo para esquecer, a imagem ainda viva em sua mente.

Sua gata estava lá, os membros em ângulos estranhos, meio caída por cima da caixa de areia. Uma poça de sangue ao redor. Não havia pegadas em lugar nenhum. O catchup... com as mãos tremendo ela passou o dedo no líquido viscoso. Sua respiração estava ofegante e ela trincou os dentes tentando fazê-los parar de bater. O cheiro, não era catchup, era sangue. As mensagens tinham sido escritas com o sangue de Penélope. 

Ela perdeu as forças nas pernas, o coração batia contra o ouvido e seus olhos encheram-se de lágrimas. Um soluço e mais outro, enquanto encarava o corpo retorcido da gata com olhos arregalados. Por quê? Quem faria uma brutalidade dessas e pra quê? 

Passaram -se alguns minutos antes que o choque anuviasse o suficiente para que ela se lembrasse do risco que poderia estar correndo. Correu por todas as portas, verificando se estavam trancadas. Acendeu todas as luzes da casa. Ninguém. Não havia ninguém. Como alguém poderia ter entrado e saído sem que ela percebesse. A gata estava viva quando ela chegou. Ela tinha certeza que sim. Estava, não estava?

Tom a conduz até a cozinha para lhe fazer um chá. Sentada ela observa os movimentos sem prestar atenção a sua volta. Imagens de sua linda gata vem a sua mente, cada momento feliz, cada brincadeira, cada risada...

Quando volta a si observa Elisa sentada ao seu lado segurando suas mãos, enquanto Tom coloca duas xicaras de chá na frente dela s e se senta.

- Como isso foi acontecer? Como eu não vi?- pergunta Agatha a ninguém em particular enquanto tremula leva sua xícara aos lábios.

- Vc viu ela quando chegou em casa - pergunta Tom

- Eu entrei em ca...

Com olhos arregalados Agatha põe as mãos no pescoço. Ela não consegue falar. Seus braços estão pesados. O que esta acontecendo?

Tom se aproxima dela e com um sorriso sádico no rosto diz:

- Temos contas a acertar vc não acha?

Ela tenta responder mais sente que seu corpo não responde mais aos comandos de sua mente. Seu corpo esta pesado. Seus braços estão caídos flacidos ao lado do seu corpo.

Elisa da a volta na mesa e abraçando Tom comemora:

- Finalmente chegou a nossa vez! 

Tom pega o cutelo da gaveta e estende para Elisa

- Por onde começamos?

Aghata com o pouco de forças que lhe resta arrasta seu corpo que já está pesado , enquanto os dois se distraem com os planos terríveis. 

Consegue chegar até o quarto, fechar a porta mas e o que fazer? 

Não há nada pra ser usado contra eles, que dispõem de várias facas , e pelo que ouviu eles pretendem cumprir cada ameaça.

Abro a janela e coloco meu corpo para fora e começo a andar no espaço que tenho entrea janela .

É nesse momento que ouço o Tom arrebentar a porta.

Seus olhos estavam negros, segurava o cutelo como se isso dependesse de sua vida, Elisa passa pelo seu lado, vindo em minha direção, por mais que tente não consigo levantar, estou sem forças, ela segura minhas mãos apoiadas no chão, com meus dedos a mostra, o Tom se ajoelha, a luz reflete na arma em meus olhos não consigo enxergar nada, então ele desce sua mão de uma vez, e apago sem sentir nada.

Acordo atordoada, sem saber onde estou, com o tempo vou me situando então vejo que estou amarrada em cadeira no meio da cozinha, então pontada me atingem nas mãos e pés, quando olho não vejo nada apenas sangue.

É tudo muito estranho, estou enrolada com um fio preto, com a vista embaçada acompanho ele me rodeando e não acredito no que eu vejo. Malditos, malditos, eles me amarraram com o meu secador. Droga! Agora sim fiquei brava. Olho o monte de sangue e tento lembrar o que aconteceu.

Aqueles dois me atacando, que merda, o que foi que eu perdi? O que eu fiz? Me agito na cadeira, na vã tentativa de fazer este fio escorregar do meu corpo, não sei se fico mais irritada por não conseguir, ou por ouvir o meu secador batendo na cadeira enquanto tento me libertar desta situação. 

- Ora, ora, ora. Não é que a moça se enrolou toda. - a voz surgiu por trás de mim, não era Tom, definitivamente, não era Elisa. Caramba, onde estão eles. 

- Danilo? - pergunto ao mesmo tempo que minha memória conecta o voz dele à voz daquele cara, aquele cara que matou minha Penélope. Não pode ser, não pode, como eu não tinha notado. E se...

Foi quando toda a memória veio a tona. 4 de julho de 2015. 2 anos atrás.

Eu estava festejando a independência dos EUA, e vi uma movimentação estranha por trás de algumas árvores. Achei que não fosse nada demais, então fui observar mais de perto. Aquele homem... Esse rosto, eu conheço. Era ele. Danilo. Colega de quarto de Tom, que eu conheço há apenas 1 ano e meio.

Ele estava... Era ele no elevador!

- Agatha acorda!! 

- O que ta acontecendo?? Sai de perto de mim Tom! Daniel? O que você ta fazendo aqui?

- Porque? Você apagou totalmente! Eu cheguei aqui pra te ver e você estava chapada. Ainda bem que Elisa voltou mais cedo de viagem para me ajudar. Você estava alucinando.

- Você quer me matar! Eu sei porque você quer me matar! Agora tudo faz sentido! - e ela se lembra daquele 4 de julho. Na época quando ela viu aquela pessoa encapuzada escondendo o que parecia ser um corpo dentro da mala no elevador ela não juntou as coisas, mas era Danilo.

- Isso não é sangue. É vinho! Você começou a dançar com seu secador de cabelo que veio na China.

- Parecia tudo tão real! Vocês querem me matar! É porque eu vi o que Daniel fez. Eu sei que foi ele.

Calmamente Elisa se aproxima de mim e tenta me tocar, mas eu desvio.

- Nao toca em mim!

- Amiga, o que aconteceu? Me explica!

- Você sabe muito bem o que aconteceu! Está envolvida, não está?

- Olha, eu vou fazer um chá pra você se acalmar, tá bom? A gente vai conversar. 

- Você não vai a lugar algum! Vai me explicar o que tá acontecendo.

- Agatha, você está me assustando!

- Vocês três estão tramando algo e eu sei!

- Você tá ficando louca - Danilo se exalta, e Tom tenta afasta-lo com um olhar duvidoso.

- E os bilhetes??? O que eram aqueles bilhetes? Dizendo "Eu Vejo Você" e outras piadinhas sem graça.

- Quais bilhetes, Agatha? - Pergunta Elisa

- Estão em cima da mesa.

Elisa vai até a mesa e pega alguns pequenos papéis que estão jogados.

- Não entendo... Aqui diz "Volto mais cedo nessa sexta. Estou morrendo de saudades".

- O QUE?? Você só pode estar brincando com a minha cara.

- Não, eu...

- Elisa, esses são os bilhetes que estavam na mesa?

- Sim 

Fico atordoada. Não pode ser.

Tom me olha com cara de pena e diz "pode ser apenas efeito da bebida. Vou te acompanhar até o quarto"

Não é possível - penso - será que é? Será que tudo não passou de um engano.

- Vejo os bilhetes nas mãos de Elisa. Realmente não estava escrito o que li... Acho que preciso de descanso.

- Me desculpem. A gente conversa amanhã. Não estou bem.

- Tudo bem, Tha! Boa noite, Até amanhã! Diz Danilo.

Elisa me olha com um olhar de empatia e tom me acompanha.

Quando chego a porta do quarto, olho pelos ombros para tom e Danilo, ambos se olham estranhamente e sorriem para mim...


Escrito por: Nely, Valéria, Rafaela Centeno, Monique Mello, Lilliane, Danielle Damasceno, Julia Brandão, Elisa Cornely, Luiza Fiedler, Danielle, Gi Szott, Carolina Teixeira e Luciana

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