Relato de uma sobrevivente

E já chegou o final do primeiro mês de 2021. E você, como está? 

Caramba, tantas coisas aconteceram esse mês que fica até difícil acreditar que já vivi um mês inteirinho. Seguimos na companhia daquele que parece agarrado em nós, o COVID-19. Eu sabia que o vírus não sumiria na virada do ano, como em um toque de mágica, além disso, sou a menos otimista quanto ao vírus no meu grupo de sobreviventes.

Estamos sobrevivendo a um momento passado da conta de esquisito, e pior, não só por conta do vírus. A humanidade está sendo posta cada vez mais em xeque, suas ações, reações e comportamento. Me assusto com alguns, me surpreendo com outros, e tem aqueles que bem, a gente não espera nada. No ano passado eu me desconectei de quase todas as informações para conseguir manter a sanidade. 

Em 2021 comecei diferente, já me informo mais, não muito, apenas o suficiente. Sigo fazendo a minha parte, pois ainda acredito que ela é essencial. Tenho respirado fundo quando estou na minha casa para aproveitar cada canto possível de ser respirado. Do lado de fora, a máscara não me incomoda mais tanto e sigo com saídas reduzidas. 

Iniciei o ano com prioridades diferentes e velocidade equilibrada. Me sinto mais adulta do que nunca e mais segura de mim, o que, tenho certeza, é resultado de muitas crises, crescimento e amadurecimento em 2020. Não estou correndo atrás do tempo e estou amando muito (inclusive os segundos do tempo) como se não houvesse amanhã - mantendo a responsabilidade, claro.

Além de tudo isso, tenho conhecido pessoas do Brasil todo e mantido maior contato com pessoas que eu já conhecia, pessoas que eu me relacionava pouco por causa da loucura do dia a dia. 

A verdade é que em meio a tanto caos, eu realmente tenho descoberto um modo melhor e mais saúdavel de viver. Por isso, termino janeiro feliz pelas minhas conquistas. Feliz comigo mesma por ter conseguido lidar com tanto e ainda assim, ter mantido a razão funcionando e o sorriso no rosto - mesmo que tenha gritado muitas vezes de nervoso, braveza ou por estar de saco cheio de algo.  

E você? Permitiu se descobrir no meio desse caos? Eu sei que pode ser muito, muito difícil. Sei mesmo, acredite. Muitos de nós tem jornadas que vão além das horas de trabalho e, bem, cada um tem o seu desafio. Mas, no meu caso, eu comecei a me questionar um monte de coisa, como porque eu acelerava quando não era necessário? Força do hábito? Talvez!

Sabe...igual quando você se pega andando rápido, como se estivesse atrasado para uma reunião, sendo que está apenas caminhando em um passeio. Aprendi que o momento de fazer uma comida, pode ser quando eu me desligo de outras coisas. Aprendi que ficar mais tempo no banheiro pode ser muito positivo. Aprendi a errar, falhar e entender que faz parte. Aprendi a dar a mão e pedir a mão - afinal de contas, tem hora que a gente precisa de ajuda e não tem problema nisso. Pois é, sinto que aprendi a dar passos mais tranquilos quando eu posso dar passos mais tranquilos.

Ainda vou aprender muito. E, tenho tanto para compartilhar, mas, sei lá, hoje eu estava com vontade de falar tudo isso para você, você que sempre vem aqui me ler. Inclusive, obrigada! Sem sombra de dúvidas você faz parte desse processo, faz parte do processo em que eu me aceito como uma escritora. Obrigada!

Agora vai lá... vai lá você também, respirar e viver, porque é o bem mais valioso que temos nos dias de hoje. Tenha uma ótima semana!

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