Eu chorei pela primeira vez nestes dias de isolamento social em plena pandemia do Coronavírus. Eu não chorei muito, foram menos de dois minutos de lágrimas. Elas escapuliram, de surpresa, mas pareciam presas à muito tempo.
Ser forte impede de ter momentos prolongados de choros. Eu era muito chorona, mas, aprendi a chorar menos. E quando acontece, são em momentos como hoje, absolutamente de surpresa.
Não, não foi quando vi imagens de buracos sendo cavados para a quantidade surreal de corpos. Muito menos ao saber das histórias dos menos favorecidos. Neste meu mundinho privilegiado - e sou muito, muito grata à Deus pelo meu conforto e saúde atual - chorei ao assistir vídeos de professores falando 'oi' para seus alunos.
Chorei ao sentir o abraço de uma menininha confessando que estava com saudades da professora. Chorei do nada, como estou chorando agora enquanto escrevo essas palavras para acalmar meu coração.
Pronto, agora meus olhos estão dificultando a escrita. Eu não tenho muito o que falar. Mas, sinto muito e, pelo visto, por essas lágrimas escapulidas, estou segurando muitas emoções nestes dias tão esquisistos. E olha que me desliguei das notícias.
A vontade é de fechar os olhos, abrir e ouvir alguém dizer: acabou! Tudo passou! Mas não é tão simples. E, neste turbilhão de emoções, é bom ouvir alguém dizer "sou abençoado" apesar de tudo.
Eu não tenho a menor ideia do que será após tudo isso passar, muito menos quando será. Eu olho para a menininha e meus olhos enchem de lágrima, novamente. Há muito tempo o meu mundo não é só meu, é muito mais dela.
Cada novo dia entendo o porquê sempre gostei tanto do filme "A vida é bela". Só espero continuar tendo forças, sabedoria e criatividade para mergulhar em histórias de princesas, porquinhas, orelhas grandes e cavalos selvagens. Tentando manter a beleza da vida nestes dias tão incertos.
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1 Comentários
Olha...excelente...fui também às lágrimas...Parabéns, mais uma vez, pelo maravilhoso artigo.
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