Saí
da porta do elevador e elas fisgaram minha atenção. Um lindo buquê de flores,
na porta do meu apartamento. Eram flores do campo, certeza. Vários tipos de
flores bonitinhas, juntas, mescladas com talos de folhas verdes em um cesto
meio marrom, total estilo campo.
Não
entendo nada de flores. Mas, elas tem cara de saídas do campo. Lugar cujo sonho
e desejo de ir ainda não foi cumprido, a infinidade de compromissos impede dia
após dia. Deve fazer uns cinco minutos que estou aqui agachada, minhas pernas
gritam ser mais, se bobear, são apenas dois. Ah! São tão lindas!!!
Abro
a porta toda radiante, é como se um novo ar entrasse comigo. Estou mais
tranquila, o estresse da última reunião fica para trás. Largo a bolsa no banco
da sala, a chave em cima dela e levo o meu novo encanto para a mesa da cozinha
– bem, verdade seja dita, é mais uma mureta nomeada de cozinha americana, nada
haver com as belezas gigantes presentes nos filmes.
Minha
cozinha ficou mais alegre, de quebra, a sala também. Coloco a água para ferver
e vou para o quarto pé sim, pé não, enquanto tiro os sapatos. Já sem roupa, resolvo
tomar uma ducha caprichada, afinal de contas, flores não aparecem todo dia na
minha porta. Um banho morno, quente demais envelhece a pele; ah, mas eu morreria
por um quase queimando, é tão bom. Ok, o morno também relaxa. O aroma de menta
com hortelã do sabonete não só perfumam o ambiente como parecem me acalmar mais
ainda. É bom demais. O apito da chaleira me desperta, puts, esqueci da água.
Enrolo
a toalha no corpo e saio correndo pingando por todo (até parece gigante, não se
iluda) apartamento, desligo o fogo, e antes mesmo de pensar em voltar, já estou
passando o café. Hum! Este cheiro! Será que no campo os cheiros da natureza roubam
este aroma?! Seria uma judiação.
Fecho
a garrafa térmica, encho menos da metade da caneca, pego as flores e volto para
o quarto. Largo tudo equilibrado na cama. Deixa eu ver. Deixa eu ver. Hoje mereço
este moletom, este moletom e meia quentinha. Cabelos. Seco de leve com a toalha
mesmo, fica bom, sempre dá um efeito. Nem sempre vai, às vezes, acordo com ele
levantado na franja, fica ridículo. Mas, hoje, até a hora de dormir estará bem
sequinho. Borrifo água de cheiro no corpo e nos cabelos. Prontinho!
Pego
minhas flores e minha xícara – hum, esqueci de tomar. Café frio não dá. Depois
de renovar o café e pegar o pote de biscoitos de aveia com banana, ui, como sou
saudável, sento no sofá. Ligo mais um episódio de Las Chicas Del Cable. Perco o olhar nas flores na mesa de canto,
sorrio com cumplicidade, como aquilo pode me fazer tão bem. O sorriso aumenta
ao pegar o cartão nas mãos e ler: Oi, tenha uma ótima noite de descanso, você
merece. Ass: Você!
0 Comentários