Gata e Gatinho

Miau! Miau! Miau!

Era um miado mais choroso, diferente dos outros. Não conseguia ver de onde vinha. Ele não parava, era agudo, estridente. Virei a cabeça para um lado, para o outro, quando vi, no centro, sua cabecinha surgindo do encontro das telhas. Era tão pequenina, uma cabeça de filhote redondinha e inocente.

Auhnnnn!!! Como era fofo. Fiquei com dó de vê-lo sozinho. Miando sem parar. Sozinho. No alto. Sozinho. Parecia perdido. Sozinho. Poxa vida, onde estava sua mãe que o largou ali sozinho.

Devagarinho ele descia as telhas, indo em direção à área reta da calha, se equilibrando como podia. Sem parar de chorar miando. Não tirei os olhos dele, tinha medo pela sua sobrevivência. Estava tão sozinho. E era tão pequenininho.

Batendo com o cabo de vassoura no telhando tentei atraí-lo. Tentava mostrar o quanto não estava sozinho. Foi em vão. Ele ia e vinha. Mas, não era perto o suficiente para eu o pegar.

Então, ele se escondeu. Parou de miar. Fiquei preocupada. Bati com a vassoura em seu esconderijo e ela saiu. Me encarou e voltou para o buraco.

Era a mãe!

Ela não o tinha abandonado, pelo contrário, enquanto ele resolverá arriscar passos aventurosos, ela permaneceu ali. Mesmo distante, para ver até onde ele iria. Não era choro de solidão, era choro de manha, de uma criança que aprontou e se viu em dificuldades.

Aquela felina tinha um instinto exemplar. Ela sabia. Sua cria não poderia ficar eternamente debaixo de seus pelos. Ainda não era hora de se separarem, mas como ele arriscou, ele também precisava entender. Há tempo para tudo! Inclusive de proteger e "não proteger".

0 Comentários