Hoje eu acordei sozinha, acordei toda encolhida.
Depois de uma noite mágica em que te
senti numa intensidade transcendente, mesmo não tendo você concretamente ao
meu lado, eu acordei sozinha. Acordei sentido o vazio por não ouvir no meio da
madrugada a sua voz clamando por mim, chamando meu nome, em uma melodia envolvente.
Você não me apelidou, pelo contrário, escolheu fazer poesia apenas com meu nome, mais nenhuma outra palavra. Apesar de não te ouvir há poucas horas, repito e repito sua voz em minha memória, torcendo para você falar antes que não sobre nem o eco da sua voz em minha cabeça.
Lembro quando me chamou no meio de
todos e eu, envergonhada, respondi com medo que as pessoas sentissem o tom da
sua voz ao pronunciar o meu nome. É tão único, será que só eu noto?
Preciso do seu bom dia para me levantar
da cama, mas adormeci sem ouvir o seu boa noite. Ah... como esperei pelo seu
boa noite!!! Quero uma desculpa para falar com você sem parecer evasiva demais.
Como você não falou comigo, talvez, esteja em outra, não é mais o meu rosto,
não é mais o meu nome que te incomoda.
Eu ainda não sei como vou viver hoje.
Como vou levantar da cama neste dia frio, nublado com a esperança pouco alimentada. Nem nos sonhos você apareceu, se
tivesse aparecido eu não teria despertado tão cedo. Continuaria de olhos fechados... com você. Teria acordado assustada por sentir a sua real presença e você assoprando palavras
em meu ouvido. Assim, bem melodioso, fazendo os pelos dos braços e coxas se
moverem. Um frio quente e gostoso seria o meu despertador.
Mas, não! N.A.D.A!
Fecho novamente os olhos procurando desesperadamente
por você, pelo seu cabelo bagunçado, pelo seu modo de apoiar a mão no queixo
para me olhar, enquanto pronuncia frases de incentivo. Frases que me fazem sorrir. Acho que você gosta de me ver sorrir.
Pois basta meu rosto ficar tenso com linhas de seriedade e atenção, para você lançar outras palavras e pronto... minhas bochechas sobem, meus olhos fecham e meus dentes se exibem.
Por que você parou de falar comigo?
Ontem foi tão, tão intenso que
pensei que você não conseguiria se manter distante. Pensei que você arriscaria
mais, falaria mais, me enganei. Você se calou. Qual o seu medo? Eu me recuso a
acreditar que tudo que passamos foi nada. Você deve estar com medo. Sua coragem
é reduzida a pequenos lapsos nas frestas dos minutos e segundos. Você parecia mais
corajoso. O que houve?
Foi demais?!
Eu queria poder ouvir suas
declarações a respeito do que está acontecendo, queria ter sido o amigo do bar para
quem você confessou tudo. Entre um gole e outro contou para ele sobre mim.
Sobre o que mais gosta em mim. Sobre o que mais deseja. Contou sobre o que gostaria
de fazer comigo. E quando as palavras já estavam embaralhadas, você abriu o
coração para toda a confusão de sentimentos que te afligia, se despiu
e, sem querer, me odiou.
Me odiou profundamente porque estava
descobrindo o quanto me desejava. E ali, com seu amigo, entre goles dourados,
músicas bregas você declarou em alto som o quanto eu sou incrível. E gargalhou,
gargalhou pela nossa ingenuidade em acreditar que somos donos autoritários de
nossos sentimentos.
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