Hora da Leitura: Suíte Tóquio


Eu quis ler “Suíte Tóquio” porque, além de ser escrito pela Giovana Madalosso, eu fiquei mega curiosa sobre o porquê chamava Suíte Tóquio. Pois é, só o título já foi suficiente para me intrigar. 

Eu não li nada sobre o livro, muito menos a sinopse. Fui com tudo na história e fiquei boquiaberta logo na primeira página. Afinal de contas quem começa uma história com “Estou raptando uma criança.”. Genteeee... a escritora entrega o ouro assim, na lata!!! (claro, se você leu a sinopse não será uma surpresa). 

Eu li e sorri, porque Madalosso é cheia dessas de entregar o clímax logo de cara, aí eu fico toda incomodada me perguntando: caramba, como ela vai fazer para manter o ritmo da história e deixar tudo interessante?! Pois bem, acredite em mim, ela consegue! Eu não queria largar o livro, mesmo já sabendo nas primeiras páginas até quem era o sequestrador. 

E isso é muito legal, porque enquanto acompanhamos o sequestro conhecemos Cora (a criança), Maju (a babá) e Fernanda (a mãe). Sim, novamente Giovana Madalosso me deu o prazer de ler uma história envolvente com protagonistas femininas intensas, nada perfeitas e repletas de questões reflexivas. Reflexões que estão no nosso íntimo e no mundo em que vivemos. Talvez por isso gosto tanto de ler os livros dela. 

Suíte Tóquio tem capítulos curtos e suficientes, adoro isso. Os diálogos diretos me fizeram imergir ainda mais na história, como se eu estivesse na pele delas. E, de certa forma isso tudo foi importante, porque eu não conseguia simplesmente julgar as ações da Maju e da Fernanda. Eu apenas as ouvia compartilhando comigo suas vidas, me sentindo privilegiada por não terem vergonha de contar tudo para mim. 

Além disso, a dinâmica da narrativa é muito boa, seguimos Maju em um tempo presente, contando seus sonhos, decepções e medos; enquanto Fernanda espera pela filha desaparecida e nesta agonia da incerteza, nos revela o seu passado não tão distante, abrindo o coração para falar das experiências vividas enquanto era mãe mas um pouco ausente da menina. Isso é bem interessante, porque Fernanda não aproveita o momento para relembrar situações com a pequena Cora, mas dela mesma, como mulher e suas inseguranças neste papel tão complexo. 

Definitivamente, as mulheres são as protagonistas de Suíte Tóquio, os homens surgem como coadjuvantes apesar de serem participantes ativos desta construção da história de vida da Maju e da Fernanda. E, nestas memórias e confissões as histórias se encontram, revelando vivências distintas debaixo do mesmo teto. 

Para minha alegria, o nome Suíte Tóquio foi explicado logo no início da história e eu fiquei muito, mas muito satisfeita com a explicação. Com certeza é uma imagem que acompanha por toda a história dando ainda mais sentido para o todo. 

Foi uma ótima leitura. Eu adoro como Madalosso tem um estilo de drama com humor, além do suspense que faz toda a diferença, é como se ‘ele’ pegasse na nossa mão para continuar a leitura. E tudo isso sem forçar nada, permitindo uma organicidade bacana para as ações e reações dos personagens. E acho maior barato como a escritora sempre dá um jeitinho de lembrar a importância do livro na vida das pessoas, independente da escolha literária de cada um.

“Sinto um desânimo. Uma vontade de desistir de tudo. Da carona, da vida. Não seria bom se a gente pudesse fazer isso, desligar como uma máquina desliga? Viveríamos um pouco e voltaríamos a viver quando doesse menos.”  Maju

Autora


Giovana Madalosso vive em São Paulo, mas é de Curitiba. Também escreveu Tudo pode Ser Roubado, finalista do Prêmio São Paulo e seu primeiro livro foi A Teta Racional , finalista do Prêmio Biblioteca Nacional.  

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