Um casal resolve se dar um vale night, isto é, uma noite para se divertir sem filhos. Eles não vão muito longe, apenas um jantar animado no vizinho, na casa ao lado. Mas, a pedido da vizinha, o bebê não pode comparecer no evento. Pronto, aqui você já sabe que vai dar ruim.
Eu rapidamente fiquei envolvida com o modo como os personagens vão se revelando para nós. Apesar do centro da história aparentar ser basicamente o desaparecimento, há muito mais em jogo. Vamos conhecendo pessoas vencidas pelas armadilhas do cotidiano, tentando se afundar em sentimentos e sensações que acreditam ser importante esconder para não serem julgadas. Então, de certa forma, o que seria apenas um livro de policial/suspense psicológico consegue ir além.
Tive a sensação que para quem tem, ou teve, ou é responsável por alguma criança vai entender melhor algumas situações. E, essa empatia enquanto se lê a história, até mesmo a raiva que a gente passa, surgi enquanto pensamos: e se fosse eu na vida real?
Outra coisa que achei bem bacana nesta história é que a investigação é lenta, bem lenta. Achei legal porque tive a sensação de ela ser mais verossímil, não consigo acreditar que em situações como esta as investigações sejam tão rápidas. Também gostei do modo como algumas cenas pareciam se repetir no livro, isso porque, em um processo investigativo, é preciso ver e rever o que a memória tem a revelar. Quem sabe, até pegar no pulo do gato.
Inclusive, essa coisa de lembranças e as verdades de cada vai se construíndo de um modo bem bacana na história. E, não, não é um livro que você terá muitas dificuldades em saber o famoso 'quem foi', eu como leitora minha senti uma investigadora e ia anotando tudo. Então, em pouco tempo eu já tinha uma suspeita bem concreta, só não queria parar de ler, queria saber como aquela suspeita ia se desenrolar. Quer dizer, pensando bem, eu até fiquei pulando de um suspeito para outro...
O Casal que Mora ao Lado não é um livro do tipo 'uau que empolgante', mas é curioso. Também gostei de ler mais sobre a depressão pós-parto e como ela pode ser intensa para o casal. Bem como o quanto a ganância pode estragar tudo.
Enfim, são vários pequenos detalhes que depois de um tempo a cabeça vai lembrando, e quando isso acontece, sei que o livro valeu a pena. Sem contar que gosto destes filmes que conhecemos o obscuro dos personagens.
"- De acordo com a minha experiência, as pessoas mentem o tempo todo."
A Autora
Shari Lapena é uma romancista canadense, advogada de formação, também foi professora de inglês. O Casal que Mora ao Lado é o livro de estreia da escritora e fez tanto sucesso que foi publicado em 24 países. Uma Estranha que Mora em Casa é o romance mais recente de Lapena aqui no Brasil.
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