Campos do Jordão no Verão
Campos do Jordão é sinônimo de badalação, frio, muvuca e
muita, mas muita roupa de frio, ah, e valores altos, certo?! Pensando nisto
sempre adiei minha viagem para lá, mesmo amando frio, a ideia de um lugar cheio
e caro me repeliam.
Então decidi fazer um bate e volta, com uma noite de sono,
fora de temporada. Dezembro. As férias de verão só estariam rolando para
poucos. Comecei as buscas por hospedagens e a primeira surpresa: média
temporada. Muitos hotéis ocupados e dificuldade em encontrar valores atraentes.
Caramba, imagina como é na alta temporada.
Por alguns momentos pensei em dormir nas cidades próximas,
ou até mudar de destino, desde que por aqueles lados. Recuei. Tudo estava
parecido, desde valores até lotação. Com um pouco mais de persistência consegui
encontrar o Plaza Inn Week Inn. A diária de R$148 me oferecia um hotel com piscina – já que não curtiria o
inverno de Campos, dava para aproveitar o sol – com café da manhã e uma
distância razoável do centro, pelo menos, eu achava.
Chegando em Campos do Jordão
De carro, saímos da cidade de São Paulo pela Dutra (BR-116)
logo cedo para chegarmos após as 14h – não sou muito fã de check-in tão tarde – com direito a parada. São cerca de 171km e
R$12,90 de pedágios.
O dia estava lindo, aquele céu azul, azul, pistas
livres e verdes surgindo por todos os lados. Nossa primeira parada foi no Am/Pm Estação. Gente... foi a surpresa dois da viagem, sério.
Primeira parada bonita, confortável e mais legal que já fui - além dos valores
justos. Nunca comi uma bengala de lanche natural com tanto cream cheese, achei que a moça corria o risco de ser demitida. E,
para quem não gosta de arriscar, tem o Burger King.
Subir a serra foi maravilhoso, ainda bem que eu era
passageira. Tudo tão incrível, tão irreal, uma vista de tirar o fôlego, falando
nele, é melhor deixar um chiclete guardado, a altitude pode tampar o ouvido e
até causar dor de cabeça.
O clima nos avisou da proximidade de Campos, a claridade do
sol partiu e deu lugar ao cinza, ao vento gelado, garoa e lá estávamos nós
atravessando o portal, fofo, de Campos do Jordão.
Chegando no Hotel
Já na cidade, vimos um mercado e decidimos parar para
comprar água e guloseimas extras para o frigobar – quem nunca – e voltamos ao
nosso caminho. Na etapa “reto toda a vida” fomos agraciados por um rio margeado
por lindas árvores bordo, aquelas das folhinhas canadenses, sim, nós também
temos, lojas nas calçadas e ruas estreitas. Olha, tem um trenzinho!
Aos poucos observamos que aquele não era o centro turístico,
mas a vida real. Continuamos com destino ao hotel. Continuamos, continuamos,
continuamos... Entramos em uma ruazinha mais cheia de buraco do quê asfalto, waze sem graça, não tinha necessidade.
De volta ao asfalto, seguimos adentro das montanhas torcendo para não perder um
rim, ou surgir uma chuva com força total.
Olhá lá!! Lá em cima!!!
Ufa! Eu estava vendo o hotel, confesso ter me sentido em uma
cena do ‘O Iluminado’. Já na recepção do hotel observei como estava vazio, apesar
das reservas dizerem o contrário. O lugar era bonito, tinha uma vista da
montanha e do verde tranquilizadora, pegamos a chave e fomos para o quarto.
São vários apartamentos em pequenos prédios na horizontal.
Não achamos o quarto, não existia a numeração. Voltamos para a recepção, o moço
deu outra chave, outro número, e... o quarto não tinha energia. Volta para resolver
o problema e no novo quarto levamos um susto, a televisão estava ligada no
volume máximo, após confirmar a ausência de hóspede nós ficamos. O apartamento
tinha uma sala bem grande, com sofá, lareira, varanda, frigobar, banheiro – foi
preciso dar uma lavada, estava meio sujo – e o quarto.
Só era um pouco gelado. Acho que no frio de verdade se passa
frio, entrava bastante vento dos vãos das janelas e portas. E, bem, estava frio
então pedimos lenha (R$30) que veio sem acendedor e penamos para aquilo
acender. Como a chuva não parou, ficamos curtindo a lareira, rindo dos causos e
comendo os petiscos do mercado, já que a cozinha estava fechada para
manutenção.
A ducha caprichada e a cama super confortável nos
revigoraram para o dia seguinte. Fomos tomar um café, com roupa de frio, e
passamos pela piscina - linda, bem posicionada, com a vista da montanha, mas o
sol não deu conta de esquentar aquele clima gelado. No café da manhã tinha
variedade de bolos, pães e frios; café, leite, suco e iogurte. Infelizmente,
apesar do rechaud, não tinha ovos e salsicha, mas pensei que deveria ser por
conta da manutenção na cozinha.
Passeio pelo centrinho
De barriga cheia fomos conhecer o famoso centrinho. Do nosso
hotel, como já devem ter reparado, não dava para ir a pé, só de carro. Deixamos
o carro em um estacionamento (R$10 – o dia todo) e fomos bater perna. O lugar é
uma verdadeira praça gigante, tem lojas de chocolates, bebidas, meias, roupas,
bares e restaurantes. É uma delícia para caminhar, mesmo no verão. Estava
friozinho, aquele friozinho de outono com sol.
A característica meio europeia é exatamente neste imenso
calçadão e dá uma sensação de cidade de novela. Uma experiência curiosa. Não
achei as roupas de frio mais em conta, então não comprei nenhuma, mesmo tendo
ficado apaixonada pela loja de meias, gente, o que era aquilo, muitas cores em
vários casulos, deu vontade de comprar todas.
Estava tudo bem vazio, bem vazio mesmo, para mim foi
perfeito, não consigo me ver naquelas vielas estreitas com tanta gente. A
quantidade de restaurantes é tão grande que foi difícil escolher onde almoçar.
Escolhi o mais fofo, aparência costuma contar, cujo prato do almoço era truta –
ainda não tinha comido este peixe – fomos super bem atendidos. No La Gália Restaurante a comida estava bem saborosa, um pouco
salgada para meu paladar, mas gostosa. Para quem gosta de cerveja, ali dá para
provar uma diferente. Descobri que Campos tem destas, Baden
Baden que o diga.
Para o clássico café com sobremesa encontramos na Rua Macedo
Soares, 191 a Myriam Doceria, um
lugar pequeno e aconchegante, lá comi um bolo de nozes sem açúcar tão saboroso que
ainda tenho dúvidas se realmente não tinha açúcar. Já o chocolate, optamos por
uns quatro do quiosque da Sabor Chocolate no Aspen Mall para provar de noite, e
uma barra de doce de leite. De lá pegamos o carro para dar outra volta e descobrimos
a loja da Cacau Show, grande e repleta de bons
descontos. Mas, aqui entre nós, tem tanta opção em Campos que vale provar os de
lá mesmo.
E acabou...
Com chuva e frio, compramos um lanche e passamos a última
noite na frente da lareira. O chocolate de pimenta era deliciosamente ardido,
tinha pimenta mesmo. Os outros estavam gostosos, um pouco caro, mas valeu. O
doce de leite também era de lamber os beiços.
Voltamos para São Paulo depois do café da manhã - desta vez
tinha até salsicha e ovos. Não visitamos a fábrica da Baden Baden, o teleférico
(tenho medo e com o chuvisco atrapalhou o funcionamento) e outros pontos, mas,
conseguimos matar a curiosidade do famoso ‘centrinho’. Entendi não ser um
centro histórico, mas comercial, e deu para conhecer em um único dia.
Sendo assim, para quem curte só este momento, um bate e
volta dá tranquilamente. Ficar uma noite é mais para relaxar com lareira, sem
lareira não tem muita graça não. Mesmo sem entender como não havia vagas nas
pousadas, foi uma experiência diferente do clássico de Campos do Jordão. No caminho
de volta paramos em um lugar mais rústico com comida deliciosa e chocolate nada
gostoso. E, para não esquecer, como todo lugar turístico, todo cuidado é pouco.
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