Advogados e profissionais do meio jurídico também mostram sua paixão pela literatura
Se você é um amante de livros, com certeza já leu algum policial. Pode ter se apaixonado pelo estilo, como pode ter achado melhor deixar de lado e investir em outros. Se você está mais para a primeira opção, não pode perder o Pauliceia Literária 2013 - de 19 a 22 de setembro.
A razão? Bem imagine um monte de advogados e profissionais jurídicos reunidos para conversar, discutir e compartilhar sobre livros policiais, bem como suas próprias experiências e olhares pós leitura de um bom livro com crimes, defesas, punições e julgamentos. Fantástico não!?
Cá entre nós, é um momento único. Além de conhecer de perto celebridades 'do crime', será possível compreender um pouco o outro lado da moeda. Afinal de contas, vai dizer que você nunca ficou em dúvida sobre o porquê casos de crimes só envolvem Estado e o acusado. Porque a pessoa lesada, em um crime, não pode se defender por si só?!...
O evento é organizado pela Associação dos Advogados de São Paulo (AASP) por esta razão o tema é tão pertinente. Aberto também para o público em geral, a programação inclui mesas e debates com atores nacionais e internacionais entre eles o estadunidense William Landay e a brasileira Patrícia Melo. Confira os outros autores e já guarde o endereço para saber da programação completa, que sairá em agosto: www.pauliceialiteraria.com.br.
Já se empolgou? Então, não pode perder o aquecimento. O amor e a política de Shakespeare rende muita conversa e algumas encenações, um sábado por mês, das 11h às 12h, na Livraria Cultura. A entrada é gratuita e por ordem de chegada. Anote as datas: 06/07 - Muito barulho por nada; 17/08 - MacBeth e 14/09 - Hamlet. Já para os que gostam de uma mesa ao melhor estilo "clube de leitura" não pode perder as reuniões de segunda-feira, às 19h, na AASP (Rua Álvares Penteado, 151). São duas por mês e cada uma com um livro em questão. Também gratuita, basta se inscrever.
Eu participei do clube de hoje. Foi muito interessante e agradável, observamos diferentes pontos de vista de uma mesma história. Abaixo falo um pouco do livro "A defesa de Jacob", de William Landay. É deixo uma dica (ou melhor, duas - livro e festival) imperdível para quem gosta de mergulhar em algumas palavras mais tensas, sangrentas e emocionantes.
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"Fizéramos tudo o que podíamos. Aquela coisa grotesca havia acontecido com a nossa família. Sempre seríamos conhecidos por ela. Seria a primeira fase em nossos obituários. E sempre seríamos moldados pela experiência, de maneiras impossíveis de imaginar naquela época"
O que você faria para defender o seu filho? Até onde iria? Esta é basicamente o questionamento central do livro que mostra um promotor público lidando com a novidade de ter o seu filho no banco dos réus.
Andy Barber mora em um subúrbio perfeito, com suas cercas brancas, jardins extensos e churrascos entre vizinhos. Feliz, nada poderia estragar toda a sua conquista, o passado foi deixado para trás e enfim realizou o sonho de ter uma família impecável.
Contudo, Barber é surpreendido. Um adolescente de 14 anos é assassinado. Sem motivo, sem razão, bem no meio do 'paraíso'. O assassinato não apenas muda toda a rotina da população, mas também a de sua casa, já que seu filho Jacob fora considerado o principal suspeito e seria julgado. E será em meio a histórias de vida e descobertas que Andy conhecerá quem é seu filho, quem é sua esposa e quem é ele mesmo; bem como seu filho descobrirá o pai. E a esposa Laurie Barber conhecerá o marido.
O jogo entre sistema e amor paternal é muito bem conduzido pelo autor. Talvez, o fato de Landay ser um ex-promotor tenha facilitado na construção da narrativa. A sensação é de ser um fato real, principalmente por ser escrito em primeira pessoa. Apesar de ter se baseado em alguns acontecimentos verdadeiros, Landay escreveu um romance de ficção. Uma ficção muito bem amarrada, diga-se de passagem.
As muitas páginas não nos impedem de continuar lendo já que a constate dúvida sobre a inocência e culpa de Jacob e todas as mudanças na família Barber, nos mantém envolvidos e em tensão contínua. Para completar, existe uma riqueza de informação muito válida, o autor se preocupou com as principais discussões do mundo atual, desta forma o bullying, a internet na vida dos adolescentes, a relação entre pais e adolescentes, a culpa pelo erro (pela ausência) e a importância dada a imagem são assuntos discutidos no meio da trama. E tudo sem ficar piegas demais. Tudo faz sentido.
Exitem outros detalhes que podem ser discutidos e rendem boas conversas - o clube de leitura que o diga -, mas deixo para vocês lerem, tirarem suas próprias conclusões e compartilharem comigo.
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