A capital de São Paulo pode ser cinza, cheia de concretos, poluída e com uma loucura urbana única, mas também reserva espaços de fuga naturais surpreendentes.
Neste domingo, mesmo com frio, tirei a bunda do sofá e fui conhecer um deles, a Pedra Grande.
O dia lindo de sol deu a inspiração final. Devidamente
uniformizada – conjunto completo de caminhada para frio, tênis, barras de
cereais, banana, água e celular, claro – lá fui eu explorar a trilha para tão
comentada vista da cidade.
O Parque Estadual da
Cantareira, local onde está a pedra, fica ao lado do Horto Florestal,
na Zona Norte da cidade. Tem um estacionamento, não grande, do lado e de graça.
Paguei R$13 para entrar. (Aceitam cartões de débito). Se você é estudante paga
meia, já crianças menores de 12 anos, maiores de 60, pessoas com deficiência e
professores da rede pública entram gratuitamente.
Sem informação, fui direto para o mapa escolher a trilha e
me localizar. A Trilha da Pedra Grande tem 9.600 metros, para pessoas meio sem
noção como eu, não quer dizer muito, mas é uma caminhadinha. Lendo o mapa
observei mais três outras trilhas, como meu foco era a Pedra Grande, não dei
muita bola para as demais.
Respirei fundo e provei o puro ar gelado. Realmente
diferente. Sentir o aroma verde, ouvir pássaros e até a força do silêncio no início
da minha caminhada foi revigorante. Eu não sabia se olhava para os lados, alto,
concentrava na estrada, tirava foto ou mandava atualizações nas redes sociais.
A Mata Atlântica estava ali e eu podia aproveitar aqueles
minutos longe da realidade do cotidiano. Sorte a minha não funcionar internet, desencanei, o celular servia só
para tirar fotos. Tudo era lindo. A luz do sol na vegetação me presenteou com
imagens inspiradoras.
Neste caminho, fiquei surpresa por não sujar os pés de
terra. Tudo era asfaltado, São Paulo não deixou sua marca de lado. Este Núcleo
foi estruturado em 1989, então dá para todo mundo arriscar a ‘trilha’. Gostei
desta praticidade. É uma trilha de muitas subidas, umas mais ou menos íngremes,
e percursos retos para recuperar o fôlego. (Não desanime, olhe o lado positivo,
o retorno terá muitas descidas.) Também dá para fazer paradas nos banquinhos
pelo caminho, ou até mesmo no chão, mas todo cuidado é pouco, você está no meio
do mato. Bichos não são domesticados.
Apesar do conforto do asfalto, a característica de trilha
foi mantida com a ausência de pontos para tomar água, ou sanitários, sendo
assim, vá preparado. A única bica desta trilha estava a poucos passos da Pedra
Grande. Água límpida, geladinha e deliciosa. E toaletes serão encontrados nos
pontos de parada: na entrada, perto do museu e no lago.
A pedra é imensa, contudo dá para escalar tranquilamente. Depois
da primeira olhada 360° em pé, sentei e assisti. Fiquei hipnotizada pela São
Paulo do lado de lá de todo aquele verde. É difícil descrever, pois cada um terá
uma sensação. No meu caso, sorri. Sou apaixonada por essa terra. Admirei e
morri de vontade de assistir o nascer do sol ali, seria deslumbrante.
Os visitantes também pareciam envolvidos, alguns faziam
piqueniques, outros aproveitavam o sol, namorados curtiam o romance do lugar,
crianças deixavam seus pais assustados e teve até brinde de espumante entre
amigos.
Seguimos ainda por cima da pedra, para o museu. Infelizmente
está desativado, mas o mirante em frente vale a ida. Outro recorte da cidade e
da natureza. Suspirei! Ah, se eu pudesse abria um café ali mesmo. Café e bela
vista tem tudo haver.
No retorno, fomos para o Lago das Carpas. A estrada é mais
de terra, mais rústica, com alguns trechos de caminhos de cimento, são 3 km
(ida e volta). O lago não é tãooo lindo, tem um pequeno deck, mas todo o conjunto é demais. Tem espaço com brinquedos para
as crianças brincarem, para fazer outro piquenique ou apenas sentar e relaxar.
Voltar foi mais tranquilo, como disse, descida é uma
beleza. Ainda vimos os macacos Bugios – para proteger seu lar eles são
barulhentos –, e alguns animais no chão, não identifiquei. Foram quase cinco
horas de curtição, desligamento e muita natureza.
+ FOTOS
Saiba mais:
O Parque Estadual da Cantareira é dividido em Núcleo Pedra Grande, Núcleo Águas Claras, Núcleo
Engordador e Núcleo Cabuçu. Espalhados pela Serra da Cantareira. No Núcleo da Pedra Grande as outras três trilhas são: Trilha da Bica (1.500 metros) com curso d’água para refrescar, a Trilha do Bugio (330 metros) recomendada
para todas as idades, por ser uma opção curta e a Trilha das Figueiras (1.200) com diferencial dos grandes blocos de
granitos presenteados pela natureza. Estas três trilhas não conheci, então fica
difícil compartilhar mais informações. Fica para a próxima visita. ;-)
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