Um Pão

Parte I

Entrei em uma padaria repleta de prateleiras gigantes, com uma disposição muito bem estudada, além de revistas de todos os tipos, inclusive minhas preferidas. Aquelas que nunca encontro. O tempo foi perdido enquanto eu admirava, um pouco assustada, toda aquela diversidade de pães, bolos, doces crus. O estilo se sirva à vontade, me levou para produtos não assados.

- Olá, posso ajudar?
- Ah, oi! Que coisa linda hem?! Mas, estão crus?!
- Isso mesmo. Nós servimos pães também frescos, então você escolhe, assamos e entregamos.
- Poxa vida, adorei a ideia. Eu acabei de me mudar para cá, seria ótimo provar um pão quentinho.
- Fique à vontade. Nós temos integral, integral com grãos selecionados, francês, italiano, baquetes e várias outras opções menos comuns. Qualquer coisa só me perguntar.
Ah, e temos algumas opções doces também. Como este aqui com damasco e castanha do Pará.
- Uow!!! Até salivei. Com certeza comprarei alguns.

Gastei quase uma hora ali. E, claro, saí com duas revistas, dois pães para serem entregues no fim da tarde e um para a manhã seguinte. O aconchego dos pães foi o melhor ‘boas vindas’ que eu poderia receber da nova vizinhança.

A padaria era na rua de cima de casa, fiz o caminho de volta pelo lado contrário, assim conheceria melhor o lugar. As casas eram lindas e o bairro muito silencioso. Estava bem perto de casa quando vi alguém no jardim vizinho, foi de relance, e ele ainda estava de costas, mas não sei, fiquei morrendo de vontade de gritar um olá.

Optei por ficar na minha. Estava empolgada, é verdade, até porque na casa anterior não conhecia ninguém. Era um apartamento cujo andar tinha mais outros três. Na verdade, nunca entendi muito bem essa coisa de apartamento, um lugar com pessoas tão próximas e tão distantes.

Eu precisava aproveitar todas estas novidades para também ser um pouco mais sociável com a vizinhança. Dizem ser saudável. Na vida virtual costuma ser bem mais fácil, só acho que está na hora de partir para algo mais palpável. Não tem condições ficar horas atrás do computador, mesmo com ligações de vídeo, sinto falta das respirações, dos cuspes sem querer, dos toques para chamar atenção à conversa.

- Oh de casa!!!
“Será que já é o pão?! Que rápido”
- Já vaiiiiiii!!!!

Me sequei rapidamente, enrolei a toalha na cabeça e coloquei meu pijama.

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