Não estava acreditando naquela conversa, era diferente, por alguma razão eu comecei a sentir que as palavras saídas por aquela boca pareciam querer dizer mais do que somente as palavras oralizadas. Nunca tinha reparado, ou talvez, não quis reparar.
Mas em um piscar de olhos me senti como se estivesse sendo observado há muito tempo. Ele sabia mais sobre mim do que eu mesma tinha contado para ele, sabia detalhes e gostos secretos, eu tinha certeza: ele não fora a pessoa que ouviu minhas confissões. E os ouvidos 'alugados' eram muito confiáveis para terem sussurado alguma informação em ouvidos alheios.
Me atraia aquele mistério. Era cuidadoso e incrivelmente sutil, pois em nenhum momento flagrei os seus olhos me buscando, me desejando, muito menos me considerando como alguém além do que eu era para ele. Com toda certeza eu estou pirando.
Incrível, sinto sua presença e cuidado muito mais agora do que ontem, e em um momento tão necessário. Talvez seja exatamente isto, a carência faz com que nós mulheres acreditemos que todos os homens estão apaixonados por nós. Uma necessidade para não nos afogarmos em bolos calóricos e potes de sorvetes refrescantes.
Droga, será possível?! Preciso de alguém para tirar a dúvida, alguém neutro, com um olhar distante e não tão conhecedor de mim mesmo, muito menos dele. Até lá faço, respiro e tento não fugir da realidade que me cerca, tão ficcional e tão verdadeira.
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