"- Você gostou da ópera?
Tarde demais, Isaac percebeu que não ajustara bem o volume da voz. Seu 'não' ecoou retumbante - as cabeças viraram-se, curiosas. (...)
- Foi muito expressiva.
- Não expressou bulhufas - disse Isaac."
"O encontro primevo nas narrativas do Velho Testamento de Hooker, com sua iconografia borrada e saturada de transgressão e redenção, é o da busca urbana do pós-exílio em direção a um metatextualidade hegeliana (...) de nossa humanidade exige um certo distanciamento decorativo - decorativo como em decoro".
Isaac Hooker não é de Nova York, não possui posses mas, seu espírito artístico é visível. Seja por suas obras ou, pelo comportamento. Não que seja simples mostrar quem é um artista nato. Na verdade, estes, são tão peculiares que tornam-se menos identificáveis. Talvez, por essa razão, sejam tão pouco compreendidos, inclusive, por eles mesmos!
Mas, qual a razão de entendê-los?! Basta assistir, ver, ouvir, ler, permitir que eles mexam com seus sentidos humanos, antes de querer saber porque optaram por aquela tinta, permitir que aquela composição lhe cause impacto, negativo ou, positivo.
A liberdade artística pode ser a maior prisão que um ser humano vivencie em sua vida. Pelo simples fato de achar obrigatório ter uma resposta concreta. Uma sensação igual a de todos e, aí daquele que discorde da opinião do melhor crítico de arte. Pode ser uma prisão para o artista também, este, tentará, da melhor maneira possível, encontrar sua liberdade. Mesmo que leve anos.
Fernanda Eberstadt nos apresenta esse mundo artístico de maneira diferente. Não apenas pelos olhos do artista, ou, daqueles que gostam desse mundo. Ela vai mais a fundo, mostra o que a arte pode fazer com aqueles que a devoram. Seja por amor, por interesse, por prazer, por dinheiro. O poder da arte, sua elegância e deselegância nojenta.
Um mundo para poucos. Para viver os bastidores é preciso ter estômago. Culpa do ser humano?! Não acredito, não completamente. E, então, é possível entender um pouco da razão de a arte ser tão negada e condenada. Ela tira a alienação, nos faz pensar. Pensar na sociedade crua, no animal racional sem noção de onde pisa. Mas, também pode alienar. E volto a prisão artística.
Complexo?! Quando os filhos do céu encontram as filhas da terra também é. Dúvidas, incertezas, choque. A felicidade está onde mesmo?! Este encontro define perfeitamente a arte. Então, não tema quando simplesmente não entender as pinceladas de Van Gogh, a admiração por Proust, as lágrimas por Michael Jackson, a adoração por Glauber Rocha. Afinal de contas, desse encontro, não podemos descartar a importância das boy bands, dos filmes hollywoodianos, das novidades no youtube...
0 Comentários