Por favor, sente aqui.

- Moça, pode sentar aqui.
Eu parei, olhei, sorri.
- Não precisa. Obrigada! - realmente não precisava. Por um curto espaço de segundo até olhei para mim mesma, verificando se estava com uma daquelas roupas de grávida, tipo batinha sabe?! Não estava.

Então meus rápidos pensamentos foram embora quando vi ele se levantando.
- Senta aqui. 
Ele realmente insistiu. Por alguma razão estava frente a frente a um dos poucos homens cuja crença em certo cavalheirismo ainda existia. Sorri!
- Obrigada. - Agradeci enquanto já sentava em meu mais novo lugar cedido educadamente por um moço bonito, por sinal.

Fiquei um pouco incomodada, não conseguia entender nada. Sentei e foquei o olhar no fundo da minha bolsa, mas alguns movimentos externos me chamaram a atenção. Era ele, todo desengonçado tentando fechar a mochila dele.

Por alguma razão, sem explicação, ao me ceder o lugar a mochila dele abriu inteirinha. E enquanto equilibrava o livro em uma mão, tentava fechar a mochila com a outra. Estava presa neste momento equilibrista dele quando me dei conta:

- Ops! Quer apoiar a sua mochila em meu colo? Talvez seja melhor para você fechar.
Ele abriu um largo sorriso e ainda todo torto falou:
- Ah sim! Por favor.

Eu não conseguia tirar os olhos dele. Enquanto ele ajeitava as coisas em sua mochila, que estava em meu colo, fixei o meu olhar nele como na tentativa de desvendar a razão do cavalheirismo. 

Afinal de contas, porque ganhei o lugar dele? Viajava em minhas perguntas quando fui despertada por um obrigado acelerado. Não tive tempo de responder, ele já tinha partido e eu perdido a minha estação.

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