Uma travessia

Nos cruzamentos mais perigosos os semáforos não funcionam tão bem e a faixa para pedestre costuma não existir. Então nos preparamos, olhamos para as três possibilidades de um carro entrar e arriscamos.

Alguns arriscam mais rapidamente, e, em um piscar de olhos já estão do outro lado da via. Outros demoram, travam, surge a dificuldade de dar um passo à frente. Sem contar aqueles que após pensar tanto, observar tanto, resolvem atravessar bem no momento em que um carro resolve entrar com tudo sem dar seta.

Agora, se você pegar um cruzamento com alguns conhecedores do espaço, poderá ter auxílio. Como aconteceu com a moça com bebê no colo. Ela resolveu atravessar, bem no momento do carro sem seta, então, um morador de rua a puxou de volta, ela foi salva...por ele.

O puxão a assustou mais do que a possibilidade de um atropelamento. Não houve agradecimento, apesar do sorriso daquele homem, ela não agradeceu. Se afastou, se encolheu com o bebê.

Ele não desistiu e, mesmo ela se afastando, ele a ajudou na travessia, como se fosse um escudo protetor. O trajeto foi feito, ninguém se machucou, ela acelerava cada vez mais os passos e novamente não agradeceu. Ele sorriu, deu um tchau - que ficou no vazio - e continuou sua caminhada por sua casa, as ruas.

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