Alô?!

Estava na cama, pelo menos me lembrava de ter ido dormir, então, eu só podia estar nela. O sono era profundo até ser despertada pelo toque do telefone. Apesar de distante parecia dentro do meu ouvido.

Não me mexi. Não queria levantar e atender, pelos meus cálculos era tarde da noite, conclui ser engano - e o telefone tocava -. não me preocupei - o telefone persistia- e me esforcei para continuar dormindo. Mesmo sabendo que tecnicamente eu já tinha despertado.

Perdida nos meus pensamentos notei uma pausa. Suspirei profundamente, aliviada...mas, fui interrompida pelo reinício do toque do telefone. Maldito! A pessoa deve ter deixado tocar até cair a linha e, com certeza, faria o mesmo novamente.

Estava ficando profundamente irritada. Aproveitei a posição de bruço e me virei com tudo afim de impulsionar meu braço com força no corpo do meu parceiro, como podia não ter ouvido nada?! Com o susto ele acordaria e daria um jeito de terminar com aquela ligação incoveniente.

O meu braço bateu com força, senti uma dor, não apenas nele, mas no coração, algo estava errado. Ele não estava ali. Não estava!!! Mas, eu podia jurar, tinha visto ele se deitar. Lembro de seu beijo de boa noite, lembro de me enrolar em suas pernas...

Abri os olhos, peraê, meus olhos. Eles não abriam, não queriam abrir. E o telefone tocava, seu volume era mais alto, mais estridente, meus olhos não abriam...De alguma maneira, não me lembro como, consegui pegar aquele telefone, precisava atender, poderia ser ele, poderia ser alguém falando dele.

Apertei todos os botões para atender, não adiantava. Gritei, falei alô...o telefone continuava tocando, os botões não respeitavam meu comando. O desespero começou a tomar conta de mim, senti falta de ar, enxergava tudo preto, uma escuridão eterna. As únicas coisas nítidas eram: sua ausência, o telefone e uma lágrima.

O toque foi ficando cada vez mais longe. Meus dedos já doiam e não tinha mais forças para apertar os botões. Desesperadamente comecei a apalpar toda a cama na tentativa de encontrá-lo, talvez estivesse por ali, não sei. Então, senti apenas uma mão, na berada, no canto, não sei qual canto, ainda não conseguia enxergar. Sua mão estava fria.

Parou! O telefone parou de tocar. Ou, eu...será?!

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