Frio, quente, frio...

O despertador toca, uma, duas, três vezes...É sábado, apesar de ter que acordar cedo, o frio parece empurrar de volta para cama numa força impressionante. A coragem para tomar banho, liga o chuveiro, espera esquentar, veja todas as entradas de ar do cubículo, coloca um pé, coloca o outro e entra. Delícia, tudo quentinho.

É preciso sair, o compromisso aguarda, mais uma nova força surge, mais forte do que aquela da cama, devem ter algum parentesco, só pode ser. Sem pensar, mas sem pensar mesmo, desligo o chuveiro. Pego correndo a toalha e volto para dentro do box, fora do box é bem mais frio. Após se enrolar toda na toalha, a visão do corredor gelado, é preciso coragem para encarar ele, então, respiro fundo e vou, com toda coragem do mundo.

O quarto aguarda quentinho, da cama uma mão parece surgir e chamar, na tentativa de convencer a voltar para debaixo das cobertas, uma outra força parece atrair, uma atração pior do que de imãs por imãs. Dou as costas, ignoro e me visto, é preciso muita concentração.

Então, desço para tomar um café. A cozinha está com um monte de louça para lavar, e sei bem, caso não lave agora, só mais tarde, isto é, a água poderá estar muito mais abaixo do zero do que neste momento. Então, mais uma respirada, ligo a torneira e com as pontas dos dedos tento lavar aqueles pratos que nunca pareceram tão sujos. A água toca violentamente minha pele, mesmo quando caída gota a gota.

Aproveito o café quentinho para abraçar com as mãos minha caneca, assim, elas seriam aquecidas e agraciadas após a tortura na pia. Prontinha, quentinha o frio não assusta mais. Pelo menos até o momento de abrir a porta e lembrar ser o lado de fora muito, mas muito pior do que o lado de dentro. E o inverno nem chegou!

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