Contradições

Frio com chuva e todas as janelas do ônibus foram fechadas. Uma freada qualquer e o cheiro começou a invadir o interior, algo quente e com muito tempero. Em questão de minutos o chão estava completamente melecado.

Um líquido pastoso, verde com branco e pequenos pedaços de algo. Olhares desperados tentavam decifrar o significado de tudo aquilo, até o momento em que alguém pisou na gosma:

- Aí meu Deus! Alguém vomitou no ônibus...

Sua cara de nojo foi lida por tantas outras. Ele dava pequenos gritos de repulsa. Alguns acompanharam, outros desesperadamente abriam as janelas, logo uma voz salvou todos:

- Iii relaxa é sopa! Alguém derrubou sopa no chão.

Pronto, apesar do cheiro, da aparência a substituição da palavra vômito por sopa tranquilizou a todos. O nojo era aparente, mas não incentivava outro vômito. Um rapaz vendo a meleca se levantou, pegou calmamente o seu jornal e colocou em cima da meleca.

- Melhor né?! Senão vão continuar pisando e sujando mais o ônibus. - Explicou o cidadão.

Enquanto isso, do outro lado do ônibus aquele que reclamou da sujeira do vômito jogava pela janela, como se fosse a coisa mais normal do mundo, sua lata de refrigerante.

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