Coragem para Viver

‘Caverna de Platão’ nos apresenta um raciocínio diferente sobre o conhecimento e suas conseqüências. Uma imagem apresentada por sombras, pode ser uma realidade diferente para aqueles que estão vendo-a e nunca colocaram o pé fora do espaço habitado. Isto é, não apenas imagens, mas, ‘o novo’ sempre guardará consigo uma realidade diferente do que é quando o vivenciamos. Para tanto, é necessário coragem de encarar o que está fora do habitual. Sair do comodismo do conhecimento.

Entretanto, esse passo é atrasado por questionamentos como: Até que ponto a descoberta do que é verdadeiro é benéfica para o indivíduo? Além do comodismo com o já conhecido, a mudança do mundo habitual para o mundo desconhecido exige a aceitação do diferente, uma das grandes dificuldades do indivíduo. Principalmente se este já possui seus pensamentos e ensinamentos formados.

Um bom exemplo é o momento em que o indivíduo vê-se frente-a-frente com a nova tecnologia lançada no mercado. O computador, não foi visto com bons olhos
logo no mesmo instante, assim como, o fato de a mulher entrar no mercado de trabalho. Ou, é possível observar a grande dificuldade em alfabetizar um adulto se compararmos ao aprendizado de uma criança.

Neste momento, de indecisões a dúvida é se devo voltar ao “passado” onde se sabe exatamente o que será de sua vida, ou, encarar o novo mesmo sem saber o que está por vir. Entretanto, no caso de retornar ao antigo, conseguirá viver satisfeito sabendo o que deixou para trás, mesmo que não tenha total conhecimento do que era?!

Possibilitar ao indivíduo os pensamentos discutíveis é importante para a exploração do seu eu e do novo mundo. Logo, a dialética e o olhar vistas como ferramentas essenciais para compreensões mais completa e, com sentido. Os estudos das ciências são o que animam seus indivíduos à contemplação do desconhecido. A ciência precisa de essência. (Dialética)

“... chamar ciência à primeira divisão conhecimento discursivo à segunda, fé à terceira e imaginação à quarta; as duas últimas denominaremos opinião, e as duas primeiras inteligência. A opinião terá por objeto a mutabilidade, e a inteligência, a essência . Devemos acrescenta que a essência está para a mutabilidade assim como a inteligência está para a opinião, a ciência para a fé e o conhecimento discursivo para a imaginação.”(SÓCRATES, p.348)

Nesta questão vê-se a beleza da dialética, da possibilidade de argumentar sobre ideias, como necessidade de se mostrar acordados com relação aos acontecimentos do mundo real.

A total necessidade do ser humano de pensar, compreender que ao ensinarmos às crianças a serem “pensantes” desde o início. A fim de se tornarem indivíduos que possam discutir, indagar, vivendo além da caverna. É o que tem acontecido? Ou temos cada vez mais nos enfurnados em cavernas profundas?! O indivíduo precisa ser predisposto ao conhecimento, pronto para ensinar E aprender.
Neste caso, ao discutirmos a atual situação da educação, talvez se afirme: a grande minoria possui uma excelência na educação, com visão de ensinar a pensar, a argumentar, pois, desta forma, o governo terá um controle maior sobre as cabeças cidadãs. Imagine, uma sociedade em que todos recebessem o mesmo grau de conhecimento?!

A educação se não bem compreendida será um bloqueio ao indivíduo no decorrer de sua vida social, é preciso cuidado para que seja usada como um meio que oriente o percurso de sua vida. A educação não deveria ser ensinada goela a baixo. Uma nova descoberta inicialmente trará prazer, até o momento que começo a avaliar o momento em que estava como novo. Quer dizer, até que ponto um ou outro é melhor?

A educação não é o bem mais necessário para a criação do indivíduo, isto é, o fato de ele não ter “conhecimento” não o torna inferior ao outro indivíduo que o possui. Assim como, todos devem ter o mesmo respeito, todos merecem.

“Porque o homem livre não deve ser obrigado a aprender como se fosse escravo. Os exercícios físicos, quando praticados à força, não causam dano ao corpo, mas as lições que se fazem entrar à força na alma nela não permanecerão”.(SÓCRATES, p.251)

Sócrates afirma que o jovem usa a dialética para diversão, irritação, enquanto o velho é mais comedido, utiliza dela de forma sábia. Porém, analisando todo o seu estudo, de liberdade de raciocínio e pensamentos, fica complicado afirmar até que ponto o jovem, de fato, utiliza desse recurso de maneira não sábia. Pois, talvez, apenas a sua ‘imagem’ do mundo seja diferente do mais velho, até porque, este, está em fase de descobertas. Principalmente, se formos avaliar o adolescente.

Uma definição do modo correto de usar da dialética não poderia levar a uma situação reprimida de pensamentos? Onde a pessoa é novamente vista dentro da caverna observando as sombras de uma árvore qualquer?! O velho não está dentro da caverna?
À medida que crescemos rumamos à caverna de Platão, já que como crianças nossos pensamentos e ações são menos “cercados” que o de um adulto. A sociedade acaba civilizando demais? Regras e etiquetas para organizar o comportamento do indivíduo podem ser a construção de um nova caverna.

É possível afirmar que a cidade utópica de Sócrates nada mais é do que uma nova caverna. Porque criamos a possibilidade de liberdade para o pensar e, mais para frente freamos esse desenvolvimento.

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