Preto no Branco

Ele chegou todo de preto, com apenas uma bolsa marrom na mão. Sentou e pegou a mochila preta dela, ela estava com uma roupa branca e bege, o oposto dele.

Enquanto ela aguardava em pé um lugar para sentar, ele falava com ela. Gesticulava muito, parecia ser a melhor maneira de se comunicar e ser entendido. Sua face era intensa, demonstrava que algo tinha acontecido com ele e estava indignado. 

Ela se atentava às suas palavras nos intervalos de um olhar ou outro para os lados, como se estivesse procurando a primeira porta para fugir, ou apenas um banco distante para sentar. Não parecia interessada no assunto, pelo contrário, apreensão mostrava que algo com ela estava bem pior do que toda aquela besteira gesticulada.

Bem do lado dele um lugar vagou. Ela sentou e nem pegou a mochila do colo dele. Apenas cruzou as pernas, os braços e se encurvou. Parecia querer se proteger de algo, continuava olhando para todos os lados enquanto ele gesticulava e falava cada vez mais alto. Não tinha notado o quanto nada fazia sentido, para ela o silência certamente seria um benéficio especial.

Então um grupo de torcedores invadiu o espaço. Eram muitos, fazendo barulho, gritando e chacoalhando o ambiente. Ele olhou com cara de desgosto. Estendeu o seu braço ao redor dela, a puxou para perto e parou de falar. Apenas a segurou e ficou encarando aquele grupo. Ela relaxou. E com um leve sorriso, de canto de boca, para o grupo agradeceu toda aquela agitação.

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