Às vezes...

Às vezes é preciso se descontrolar. Deixar as coisas escorregarem pelos dedos e se esparramarem melecando tudo e todos. Deixar de lado a educação, o respeito e a preocupação com quem estiver assistindo.

Apenas ir fundo, apenas gritar, bater, esperniar, chorar, sofrer, rir, gargalhar, amar. Não pentear o cabelo, ou simplesmente deixar ele sujo por dias. Esquecer de ligar o celular, esquecer de atender a porta, esquecer da hora para acordar, dormir, comer, pensar...

Às vezes é bom deixar de planejar, apenas arrumar as malas e partir, como na música "sem lenço, sem documento, nada no bolso, na mão", fugir à busca de um tobogã em que possa se aventurar, sentir o frio na barriga, gritar mais um pouco e por fim sentir um prazer único invadir o seu corpo.

Não ter medo de falar olá para um desconhecido, esquecer os conhecidos. Ver se sentirá falta, ver se sentirão falta. Tentar sair do lugar comum, do jeito comum. Beber uma bebida estranha, não falar desculpa, não dar satisfação, não ter compromissos, não ligar para o relógio, não tuitar, não estudar, não parar no sinal vermelho...

Às vezes é preciso sair do automático.

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