Palavras Vorazes


Por que leio? Por que grifo? Por que rabisco? Tanta informação ficará realmente em minha cabeça? Conseguirei dominar esta infinidade de letras e palavras, ou elas já me fizeram sua escrava?

Fico triste porque não consigo ler tudo, às vezes até culpada. Então me pergunto: para quê? Não sei responder e continuo querendo mais.

Na verdade, tenho grande carinho e paixão. Não sei bem ao certo onde tudo vai dar, ou o que vai resultar. Sou melhor por isso? Estou perdendo tempo ou acrescentando algo extra nele?

Leio e reparto, guardo ou descarto? Minha memória não aparenta guardar tudo, mas me surpreende com lembranças cuja vida achava não ter vivido.

Posso não compreender ao certo o real motivo de tanto apego, nem mesmo saber se tudo passa de um mero capricho, ou palavras vivas à alguém anônimo. Mesmo assim continuo sentindo um novo sentido e sopro de vida ao me reaproximar de todo este confuso vocabulário que precisa ser cuidadosamente usado para fazer algum, ou nenhum sentido.

E neste emaranhado de verbos, sujeitos, complementos, predicados e advérbios – etc. etc.etc. – redescubro um mundo. Mesmo ainda temendo, torcendo, não entendendo e transpirando.

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