Jornal, Café e Mamão

Com olhos entreabertos, cambaleando e remela nos olhos cheguei ao filtro. A sede me levantou - diferente do despertador que não tocou e do sol que não me alcançou. 

Não era para sair da cama, até precisava, mas não tava afim. A cama só tinha conseguido ganhar o formato exato naquela horinha. 

Copo grande. Encho até a borda. Glup! Glup! Opa, engoli alguma coisa. Odeio temporada de banho das formigas, o meu copo sempre vira piscina particular.

Pronto. Sede resolvida. Consegui manter os olhos meio fechados. Ainda meio dormindo volto para cama. Tudo tão escurinho. Deito. Estico. Espreguiço e arrumo o travesseiro. O edredom, agora geladinho pela brisa da manhã, fica mais atraente.

Saco! Não fiz xixi. Caramba! Ainda estou com fome. O sono matinal já tinha até me embalado e lá vou eu desembalar. Indo para o banheiro a linda, aparecida e desesperada luz do sol me atinge. Os olhos não resistem. Xixi. Lavo as mãos, o rosto, os dentes. Nem foi tão ruim.

Melhor fazer café. O pão já comi. Ah, não contei?! Antes da água acabei preparando um na chapa, destes tão automático quanto beber água no escuro. 

Água fervendo. Aproveito e corto uma fruta, eita preguiça. Pego o mamão. Pego o pó de café. Descasco o mamão. Uma colher de pó de café na prensa é suficiente. Corto em cubos, dentro de uma xícara versão ‘para comer sucrilhos’. 

Desligo a chaleira antes de apitar. Ontem de madrugada um vídeo no Face falou para não ferver, apenas pequenas bolinhas já fazem um café muito melhor. 

Coloco granola, aveia e um fio de mel no mamão. Jogo a água no pó, só um pouco, aguardo ‘hidratar’ e finalizo. Fecho a prensa.

Pego um garfinho. Arrumo o jornal na mesa, o sol ilumina por trás. Nossa, preciso regar as plantas! Prenso o café. Mamão, xícara e café em mãos. 

Preciso levar o reciclado e ir ao mercado... ah, acabou a farofa também. Tudo pronto – mamão, café e jornal.

Opa, não posso esquecer daquele negócio do FGTS, vai saber. Abro o jornal. Primeira garfada. Primeiro parágrafo. Sorrio. Primeira canetada. Sorrio. Pego o post-it. Anoto. 

Leio o jornal. Grifo. Como. Coloco a primeira dose de café na pequena xícara vermelha. Ligo o computador. Leio meu jornal literário. Termino o mamão. Glup. Delícia. Acordo. Mais um gole. 

Quero continuar. Tenho que tomar banho. Outro gole. Conto as matérias restantes. Gole extra. Vou provando aos poucos. Decido. Deixo linhas para acompanhar os goles do mês. Ainda dá tempo. Não dá?