Alma Aflita

É só mais um chá quente para aliviar a garganta e a tosse parar. Ou se trata de mais uma dose para calar?! Para fazer engolir tudo aquilo que a garganta não aguenta mais sentir goela abaixo?!

Nada mais explica tantas noites não dormidas e tantas lamúrias sendo cuspidas da mesma forma, tom e cor. Os olhos brigam com o resto do corpo, forçam se fechar no andar, no correr, nunca ao deitar. Eles anseiam por uma calma longe de chegar.

A garganta reclama, os olhos piscam e o baço começa a avisar – precisamos de descanso, descanso da alma, do nada, do tudo, do outro. 

A alma briga com todos os demais por não compreender. Não entende como quando já estava tão serena consigo mesma foi invadida por um tsunami do norte, do sul, do leste, do oeste, mas nada dela mesma. Acreditava ter encontrado a paz interior, mas esqueceu de que a exterior dá muito mais trabalho.

Ela recebe tudo e repassa para os membros, talvez tenham uma reação diferente. Então, começa a sentir fraqueza: ninguém está reagindo. E ela se vê amarrada sem poder gritar, pedir para sair e começa a esmorecer junto com todo o resto. 

Como nadar contra todas as marés ao mesmo tempo?! 

É como se ninguém a respeitasse dentro de suas fraquezas e forças. Ela não existe e ainda é culpada. Culpada por tudo, principalmente por não antecipar o pior para os outros, pois estava curtindo sua paz. 
Paz que ninguém saberia como foi difícil encontrar. Afinal de contas “ela não entende”, os outros são sempre mais complexos, difíceis, árduos e o dela é tudo tão natural.

Natural para os que nunca se dispuseram a caminhar e sentir com ela todas as mudanças e transformações. Natural porque nunca tiveram o trabalho de pensar o quanto aquela grande alma sofria de pequenices singulares e poderosas, cuja ausência de cuidado a derrubaria tal qual um anão a um gigante.

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2 Comentários

  1. Karin Ludwig7:46 PM

    Parabéns, Carol. Muito providencial vc ter começado seu blog falando da alma. Ando num desajuste com a minha! rsrsrs. Abraços.

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  2. Adelina4:39 PM

    Muito gostoso! Ler novamente seu blog. Seu texto me lembrou uma frase "Pinture sua alma no varal e deixe o vento levar as coisas ruins". Bom demaaaiissss, bjs

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