Eles não sabiam que a vida iria mudar tão drasticamente. Ela em seu último ano da faculdade, ele dando aula para mais um último ano.
Os dois tinham seus compromissos e, certamente, nunca se imaginaram juntos, pelo menos é o que gostavam de acreditar, já que odiavam o clichê professor e aluno. Davam-se muito bem, nada forçado ou que despertasse qualquer suspeita. A cumplicidade e respeito permitia uma relação bem vista por ambos.
O ano já estava acabando e eles começaram a entender e notar que sentiam falta um do outro. Nunca falaram sobre isso, não era conveniente e uma bela amizade poderia ser destruída, já que nunca deram nem pistas sobre um possível romance.
Até que um esbarrão no corredor os despertou. Ela falava sem parar, ele a admirava. Ela parou por instantes, incomodada com o seu olhar e sorrindo perguntou:
- O que foi?
Ele retribuiu o sorriso, segurou sua mão, pela primeira vez; ela sentiu seu coração acelerar, ele se encorajou ao notar a reação dela e falou:
- Vem comigo! - Levou-a para as escadas de emergência, verificou a existência de câmeras e disse:
- Você sabe o quanto repugno este tipo de comportamento. Que nunca me envolvi com alunas e que..Mas você, você me dá uma alegria. - ele passou a mão sobre o rosto dela na tentativa de traduzir seus pensamentos. Repulsa? Querer?
- Eu não sei como ficarei sem poder te ver pelo menos uma vez por semana. - ele confessa, e ela sorri de canto e segura a outra mão dele. Então ele ganha mais coragem e timidamente, e muito desajeitadamente, a beija.
Um beijo não só apaixonado, mas incrivelmente inocente e delicado; com a suavidade de um primeiro beijo.
Eles se abraçam. Não conseguem falar mais nada e se direcionam, de mãos dadas, até a porta. Ele ainda dá uma última olhada procurando câmeras, mas seus olhos e mente estão muito ocupados para notarem um pequeno olho tecnológico escondido em um furo central da parede.
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