Sorriso Seguro

De rabo de cavalo cor de fogo ela se aproximou dos policiais. Estava esfregando a mão no rosto, a mão direita cruzava sua face na tentativa de enxugar as lágrimas não limpadas na face esquerda. Soluçava. Era possível ver o respirar profundo. Toda arrumada, com uma bolsa pendurada no ombro direito, esfregou o rosto, o nariz e começou a falar. 

Os dois policiais estavam um passo à frente, nas laterais, não muito mais altos do que a garota. Posicionaram-se com cautela - uma mão na arma e a outra esperta. Enquanto um perguntava, o outro só observava. 

O sorriso maroto do questionador fez com que a garota parecesse uma menina de cinco anos, e por segundos imaginei ela pequena de olhos esbulhados, nariz melecado e puxando a perna do policial para ter atenção; ele por sua vez se agachou, sorriu, se aproximou dela e a respiração daquela pequenina foi se acalmando, ela estava segura.

Na vida real não era muito diferente, ele então se aproximou e lhe disse algo - ela provavelmente não teria o brinquedo perdido de volta -, mas como uma pequena garota, começou a se acalmar. Não esfregava mais o rosto com força, e apesar do nariz vermelho, o encontro com a segurança lhe rendeu um brilho...ela sentiu esperança.

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