Cadeira de Balanço: O Livro Amarelo do Terminal





A rodoviária do Tietê é uma cidade de coisas perdidas (...), é uma cidade de pessoas que andam com um enorme fiapo preso aos pés (...), uma cidade onde é necessário pedir autorização para conversar com os funcionários ...





São Paulo é o lugar dos lugares inusitados, tudo se transforma, nada é exatamente o que parece ser. Vanessa Barbara compreendeu isso mais do que ninguém em sua obra O Livro Amarelo do Terminal (Cosac Naify, 2008). Um projeto ousado, que poderia ser batido, cujo resultado é uma leitura gostosa, fácil, curiosa e informativa sobre a vida do Terminal Rodoviário Tietê.

Muitos já passaram pela rodoviária, para viajar, para apenas ir ao banheiro, por engano, não importa, faz mais parte da cidade do que se possa imaginar. Mesmo com tantas tecnologias ou custos 'mais baixos' no sistema aéreo, ainda é o ônibus o responsável por trazer e levar pessoas à São Paulo.

Como se não bastasse a vida dos envolvidos direto (ou indiretamente) com a Rodoviária pode ser fascinante. Vanessa não apenas apresenta os universos paralelos possíveis na correria do cotidiano da rodoviária do Tietê (como é conhecida), como nos recorda informações históricas sobre todos os altos e baixos para a realização de um projeto a ser feito no mangue no meio do nada. E, mais uma vez, vemos o quanto a política pouco, ou nada, mudou no quesito dinheiro para construções.

O livro surpreende não só pelo modo como as histórias são contatas e apresentadas, mas no projeto gráfico. Diferente de qualquer outro livro que eu já tenha pego em mãos, este têm folhas amarelas e borrados (letras também) roxo carbono - lembrando muito as passagens compradas para as viagens rodoviárias. 

Para uma amante da rodoviária - sim, por alguma razão não explicada, faço questão de tomar um café por lá, vez ou outra - foi um presente literário e uma ótima homenagem ao Terminal Rodoviário Tietê, lugar de tantas boas memórias, apesar da loucura da cidade.

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