Cadeira de Balanço: Hiroshima





Em meio à destruição, os sobreviventes - metade da população de 200 mil habitantes - vagaram como zumbis, sem saber onde encontrar ajuda para tratar de suas queimaduras e fraturas; muitos perderam membros ou os olhos.



No dia de hoje, há 67 anos atrás, explodiu a bomba atômica em Hiroshima. O caso histórico não só espantou os moradores, surpreendidos por um clarão e calor sem explicação, como mostrou o quanto o ser humano pode ser cruel. Um ano após o evento, o jornalista, da revista The New Yorker, John Hersey foi até Hiroshima para vivenciar, na medida do possível, o que houve naquele 06 de agosto de 1945.

Em quase seis semanas de pesquisa, Hersey se concentrou na cidade e principalmente em seis sobreviventes (dos 245 mil habitantes foram 200 mil mortos) - estes serão apresentados de acordo com distância deles com relação ao local da explosão. O resultado foi uma grande reportagem para a edição de 31 de agosto de 1946 para a revista The New Yorker, cujo sucesso fez com que 300 mil exemplares se esgotassem em poucas horas. Não à toa.

Além do fato ter mexido muito com a sociedade, Hersey foi brilhante no seu modo de contar história. Ele não se prendeu a dados cronológicos de modo linear, muito menos tentou compreender o que aconteceu, o modo como aconteceu de maneira científica, mas tomou todo o cuidado e investiu toda a sua sensibilidade para sentir o a bomba atômica na vida das pessoas.

Desta forma, temos uma narrativa envolvente, cuja voz e grito dos sobreviventes é ouvido e sentido de maneira tão intensa que nos sentimos devorados pelo calor daquela bomba desconhecida. Um formato humanizado e de tamanha solidariedade que é impossível ficar apático. Nos apegamos aos personagens e seus sofrimentos como se fossem familiares próximos. 

Para conseguir tal resultado, Hersey se prendeu aos detalhes e construiu um trabalho muito bem pensado - apresenta o momento da explosão, fala da devastação, da decadência e como estavam conseguindo sobreviver ao ocorrido e, por fim, a reconstrução. 

Atualmente, a história contada por Hersey pode ser lida on-line na revista, ou sua versão impressa Hiroshima publicada pela Companhia das Letras, cuja versão possui as impressões de Hersey em seu retorno à cidade e reencontro com os personagens quarenta anos após a sua primeira reportagem. 


Mais informações sobre 06 de agosto de 1945, assista o especial do canal National Geographic - Hiroshima: O Dia Seguinte

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