Sombras de Burton

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Acompanhado por muita excentricidade, cenas escuras e cores em destaque, a batida do rock, blues e clássicos dos anos 70/80/90 auxiliam o ritmo da mais recente obra de Tim Burton, Sombras da Noite (Dark Shadows, EUA 2012). Neste trabalho, baseado em um seriado norte-americano dos anos 70, Burton dá continuidade a sua assinatura e por alguns momentos podemos lembrar de O cavaleiro sem cabeça e Sweeney Todd- O barbeiro demoníaco da rua Fleet.

Desta forma, antes de ser uma homenagem ao seriado ou um filme que conta a história da família Collins, Sombras da Noite é um filme de Tim Burton com a presença de seu querido Johnny Depp - que faz o papel do vampiro, e personagem principal, Barnabas Collins. Não espere muito além disso.

O roteiro foi pouco desenvolvido, desta forma, algumas questões parecem não vinculadas e a sensação é de já ter visto o filme através do trailer. Depp é o dono do filme, os demais membros da família Collins perdem um pouco de espaço, inclusive o pequeno David (Gulliver McGrath), razão por preocupações da família e pela chegada da babá Victória (Bella Heathcote). Eva Green, a bruxa Angelique, consegue entrar no papel melhor até do que a bela Michelle Pfeiffer (Elizabeth), contudo, apesar de seu belo trabalho no decorrer do filme, tem um final um tanto quanto fraco - quase ridículo. É como se os personagens fossem apresentados individualmente, e pouco, ou nada, estabelecessem um vínculo real entre eles.

Claro que estes detalhes no roteiro não tiraram a graça das piadas de humor negro, mas deixaram de ganhar mais se os personagens tivessem sido melhor explorados, como o caso da Dra.Hoffman (Helena Bonham Carter), que só o jeito da atriz, em si, já é motivo de riso. A grande questão é que talvez, Burton estivesse tão preocupado com sua assinatura e seu Depp que não atentou as outras necessidades existentes no filme.

Contudo, por incrível que pareça, como um bom filme de Burton, ele consegue surpreender, e tirar algumas risadas da plateia. Ou mesmo, fazer homenagens tão excêntricas como o show de Alice Cooper e o comportamento de seus fãs. E não peca ao mostrar a necessidade de Barnabas Collins em se adaptar ao novo mundo, já que tirou um longo e profundo sono durante séculos.

Para os fãs de Burton, nenhuma decepção, apesar de o clássico Os fantasmas se divertem (Beetle Juice,1988) ser muito mais divertido e interessante. Para os fãs do estilo da história, algumas. Fica a sensação de que Tim Burton não queria deixar de participar do momento "vamperismo" vivido atualmente. 


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