Cadeira de Balanço: A Visita Cruel do Tempo





Ele fica esfregando os olhos.
Ele está tomando o segundo gim-tônica.
A boca está sorrindo, mas seu rosto está cansado.








Pegar um livro vencedor do Pulitzer de Ficção é sempre uma expectativa grande. Afinal de contas se ele foi vencedor de um dos principais prêmios da literatura, quem sou eu para negar a qualidade do livro?! É verdade que gosto não se discute, mas certamente algumas técnicas devem ter sido avaliadas para que o prêmio de 2011 fosse entregue à Jennifer Egan e o seu A visita cruel do tempo.

A história não é muito nova, porém a narrativa ganha por brincar com idas e vindas - culpa do tempo -, nas apresentações dos personagens, suas conexões e encontros. Egan certamente gosta de narrativas como a de Joyce ou outros que adoram dar trabalho ao leitor no quesito quem disse o quê mesmo?! 

A música é o pano de fundo de Egan, nele serão adicionados personagens que estão direta ou indiretamente ligados ao executivo da indústria musical Bennie Salazar. E então tudo começa. Uma mesclagem de tempo, comportamento, cenários e... só!!

Não que não seja brilhante na construção da narrativa, pelo contrário, o capítulo 12 é uma verdadeira prova do que é possível fazer na literatura, e achei gracioso o cuidado que Egan teve de mostrar como uma criança pode se comunicar. Mas é só isso. A história não envolve e desejamos o fim apenas por desejar o fim, em nenhum momento se tem a sensação de que algo diferente poderá acontecer.

Senti falta de mais. Senti falta de muito. Contudo, como um livro vencedor espero que leia, talvez tenha um ponto de vista melhor e possa compartilhar. Para mim a visita cruel do tempo foi realmente cruel.

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