Nos trilhos



O cérebro pouco a pouco desacelera, é possível observar como ideias soltas surgem na cabeça. O desespero acontece ao perceber que ele, implora, pela sua ausência no lugar cuja obrigação, e não o prazer, lhe fazem ficar.

Aos poucos entendo não ser sono ou preguiça, mas o desejo de liberdade...de pensar, de ler, de escrever, de falar. Os horários começam a pesar e sufocar todo o prazer disponibilizado horas atrás.

Como coisas e situações podem se tornar tão desconfortáveis e chatas?! A maçante informação derramada, sem a possibilidade de um transbordar, simplesmente irrita. Não é possível que tudo seja tão quadrado. Por que não posso começar começando, ou aprender vivendo?

Uma realidade ficcional, nada divertida e incrivelmente técnica dentro da vida real. Uma vida sem roteiro, surpreendente, que começa a ser devorada por dominadores do conhecimento na tentativa de fortalecer uma única realidade. Cha-to!

Não à toa, os cérebros enfraquecem. Não se trata de uma cultura melhor do que a outra, mas de uma querendo dominar a outra, aumentando a quantidade de neurônios e pensamentos mortos a cada novo segundo.

A luta contra é cansativa, porém permitir a preguiça exigida pelos métodos científicos é pertubador. Os ombros pesam, o corpo padece por espaço ao sentir o sufoco de caixas com péssima acústica.

Por que não podemos discutir? 
Por que não podemos dispersar? 
Por que não podemos discordar? 
Por que não podemos sair dos trilhos?

Grandes pensadores, conhecedores ou fulanos lembrados pela história, não tinham suas vidas regradas as organizações civilizatórias; não dá para aprender nada com estes exemplos?

Porque mesmo com tantas mudanças, tantas novidades tecnológicas, continuamos tão velhos e ultrapassados na construção do saber? Por que permitimos que regras tirem a essência prazerosa da descoberta do novo?

Enquanto isso, o cérebro se agarra pelas beiradas na tentativa de retornar a este mundo ficcional no qual nada faz sentido. Pois, apesar de alguém ter falado por horas à sua frente, nada lhe captou a atenção. Pelo contrário, acabou de lembrar daquele filme que diz muito com um chinês que não diz nada.

1 Comentários

  1. Houve uma espécie sutil de gancho frio para a entrada no cerne da questão e gostei muito disso.
    As perguntas do penúltimo parágrafo são notáveis... Parabéns!

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