De canto

 
Toda estabanada coloco minhas coisas em cima do balcão, enquanto procuro pela carteira – ela adora brincar de esconde - esconde comigo -, então, um movimento sem cálculo fez com que minha caneta rolasse, rolasse e ...

- Opa, consegui. Sua caneta até que é obediente.

A caneta parou, eu também. Não sabia se continuava a minha busca impossível, se agradecia, se conversava...apenas sorri. Ele sorriu de volta, era alto, branco – além da conta -, uma sandália marrom velha, e parecia simpático.

- Ah?! O quê?
- Sua caneta. Nem encostei a mão direito e ela parou de rolar.
- É, pois é. – sorri novamente, tentando ser gentil, sem compreender muito o porquê eu era merecedora daquela bela atenção.

Voltei o rosto em direção ao esconderijo possível da carteira. Ele pagou a conta dele, e foi minha vez. Pedi. Paguei e caminhei para a próxima etapa. Ele só tinha pedido uma bebida, mas ainda não fora atendido.

Deixou uma moça passar à sua frente. E quando a atendente veio em minha direção, informei que ele estava na frente.

- Imagina. Estamos juntos. – Disse ele. Não entendi. Como assim estamos juntos? Não estamos não.
- Não, imagina. Você chegou primeiro. – E a moça entendeu o recado, o atendeu primeiro.

Ele se serviu, me deu um tímido tchau e foi sentar. Pude observar que sentará em um dos quatro cantos possíveis. Servi-me, e fui para o canto oposto. Pensando, nunca consigo lidar com estes momentos. O que deveria ter feito? Era uma oportunidade? Não sei ao certo, mas pude sentir como se ele me observasse o tempo todo. Porque não veio falar comigo? Aí, essas situações ainda me matam.

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