Bolha de Plástico

                                                                                                  Foto | Melvin Sokolsky

Pouco a pouco você até tenta se desvincular de situações que possam impedi - lá de ter uma vida, pelo menos, normal. Não é uma tarefa simples, principalmente se envolve tão profundamente você, e outros. Pior fica quando nesta sua luta você descobre como as pessoas envolvidas não entendem a sua situação, pelo contrário, é como se não aceitassem o fato de que você continua crescendo, na tentativa de apenas ser feliz.

Fazem questão de te tratar como alguém cuja necessidade é o eterno cuidado, o eterno zelo. Esquecem do quanto o espaço se faz necessário para sentir as pernas seguirem um caminho feito e escolhido por elas próprias. É difícil ter que lidar com o que muda a vida, mas, complicado mesmo é ter que lidar com pessoas que não entendem o seu momento, a sua necessidade além de todo o ocorrido.

Quebrar a cara, se machucar, ir além, faz parte do percurso da vida, sei disso, mas, não me deixam saber. Acham ser melhor me colocar em um isolamento como se eu fosse uma bonequinha de porcelana. Qualquer passo em falso, sinto como se um monte de guardas costas viessem ao meu encontro, para me carregar e impedir de cair no buraco. A parte chata disso tudo?! O medo!

O medo começa a tomar conta da sua vida de maneira muito assustadora, impedindo de realizar coisas simples. Se antes você arriscava em um prato de comida diferente, tentava um lugar de trabalho com novas perspectivas, corria cegamente rumo a sonhos impossíveis, comprava uma roupa fora do esperado, hoje você se curva, trava, para e não se move além das zonas protegidas. É natural. Não quer dar trabalho para seus protetores, não gosta de deixá-los preocupados, então, além de não realizar, se fecha, não grita. Ao se arriscar, não conta. Suas vitórias e derrotas ficam apenas para si.

Sair e entrar da zona de segurança despercebida é cansativo, chega a ser ridículo. Mas, qual outra atitude tomar? Aceitar todo o protecionismo? Sair de vez e magoar aqueles que desejam o seu bem? Não há uma cura exata para situações como esta, mas todo cuidado é pouco, pois em uma zona tão segura, a única que pode ser anulada por tanto processo de esterilização é a pessoa em questão. Sem identidade. Sem sonhos. Sem conquistas. Sem rumo.

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