A (sobre)vivência do diferente

                                      Submerso | Carolina Teixeira
É muito complexo compreender um todo que acontece com você. Entre altos e baixos é preciso tentar se agarrar nas coisas que lhe fazem ficar submersa à água, como numa real tentativa de não afundar.

Tomar um banho, ler algo que relembre bons momentos, descobrir o colo esquecido. Tudo para sentir possibilidades em uma situação cujo processo não anda dos mais animadores. Nem as pessoas parecem cooperar, pelo contrário, algo bizarro acontece. Tudo se inverte. Você vê desconhecidos serem mais sensíveis do que conhecidos.

Para muitos é difícil lidar com uma situação não programada, principalmente se a mesma não condiz com suas crenças. O ser humano esta muito mais pré-disposto a lidar e conviver com pessoas semelhantes do que descobrir o quanto pode ser edificante viver com pessoas completamente distintas.

Amar a roupa que lhe cai bem é fácil, o problema é ir até a esquina com aquela calça e camiseta estranha, sem nexo. Com pessoas é igual. Estamos pouco, ou nada preparados, para aceitar o diferente e, talvez, seja este o motivo de tantas guerras, tristezas e separações.

Cuidado, pois nesta tentativa de sobreviver em um mundo cujo ensinamento é: conviva com os mesmo de sua laia - muito de si poderá ser escondido, esquecido, como se não fosse importante. Não, não permita.

Uma das batalhas mais complicadas é exatamente esta, ser você quando todos constroem vários vocês. Só você sabe, só você poderá lidar com esta situação e então, conseguir ser feliz. Mas, não uma felicidade plena, porque em um mundo homogeneizado, em que o diferente não tem permissão para ser discutido, a felicidade plena sempre será uma realidade utópica.

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