Noite de sexta


O expediente acabara. Lá estava ele na porta do serviço. Seus cabelos brancos, corpo encurvado, rugas na face informavam que apesar de já passar do momento da aposentadoria, ele estava ali, terminando mais um dia de trabalho...

Não era um trabalho de terno, gravata, ar condicionado e café na copa para o break. Era um trabalho árduo, sua roupa estava surrada, seus sapatos com alguns furos. Ficava na rua o dia inteiro, com seu carrinho pegava o lixo reciclável negado pelas autoridades.

Não tinha um ar triste, pelo contrário, parecia satisfeito. Mais um dia estava no fim, ou no começo, afinal, era sexta-feira. Guardou o carrinho, arrumou o chapéu e começou a balançar o corpo, tentando acompanhar o ritmo do funkforró do vizinho. O som era alto, não muito admirável, mas e daí?!

Pé ante pé. Sorria, mesmo com poucos dentes. De um lado, para o outro deu um pequeno rodopiou e seguiu em diante, sentindo na música o refresco da noite do merecido descanso. 

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