Hoje e amanhã

Um recorte de papelão estava no colo repleto de massinhas coloridas - verde, azul, laranja, rosa, vermelho, cinza - enquanto as pernas equilibravam - no balançar do metrô -, aquele papelão, as mãos se divertiam com a massinha amarela.

A criança estava com seu pai e sua irmã. Infância é uma coisa louca. Enquanto seus cabelos ainda estavam enrolados ao natural e, sua atenção era completa ao pai, a adolescente tinha os cabelos alisados por alguma química, aliança de compromisso no dedo, cara emburrada e fones no ouvido.

Para a criança a música devia surgir criando um ritmo que auxiliasse suas mãos na produção de algo com as massinhas, então a imaginação era mais necessária do que qualquer outra coisa. Da lembrança e barulhos emitidos pela boca, uma música estranha soava.

O pai olhava para aquela pequena e sorria, tentava cantarolar junto. Ao olhar para sua adolescente, sua testa enrrugava, se preocupava e ela via longe, através daquelas janelas lacradas.

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