Cadeira de Balanço: Memória de minhas putas tristes


"Em compensação, é um triunfo da vida que a memória dos velhos se perca para as coisas que não são essenciais, mas raras vezes falhe para as que de verdade nos interessem."



Viver um centenário de solidão deve ser uma das questões que mais assusta, ou, fascina o escritor columbiano Gabriel García Márquez. Temporalidade usada na obra mais famosa do autor "Cem anos de solidão" e em seu retorno aos romances com Memória de minhas putas tristes.

Um jornalista velho, escritor de crônicas completará noventa anos e decide lhe presentear com uma menina virgem e adolescente. Vai ao bordel de costume para conseguir o presente. Mas, a vida mostra ser possível ainda surpreender.

O amor não tem idade, hora nem dia para acontecer, só sabe que ser só não é a melhor opção, mesmo quando consideramos estarmos no final da vida. Com esta novidade lhe chamando a atenção para além dos problemas de velhice, o jornalista relembra momentos de um século, enquanto redescobre outros, inclusive um novo modo de escrever.

Márquez tem uma escrita ágil, mas não se deixe enganar, é sofisticado em descrever detalhes e prestar atenção a fatores não tão necessários. Suas idas e vindas pela história, sem aviso prévio, podem confundir os mais desavisados e não acostumados com as possíveis ausências de linearidade.

As várias citações neste romance de conto de fadas adicionam charme e suspense, pois de certas forma podem ser adicionadas a esta história tranformando-a. Dependerá da bagagem do leitor e de sua curiosidade. A ninfeta bela adormecida e seu velho príncipe encantado conseguem cativar com simplícidade.

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