Sufoco

Então aqueles gritos do lado de fora começam a te irritar profundamente. Como se não bastasse ficar horas sem produzir nada com o sono me dominando, quando decidi dar uma tregua para tudo me jogando na cama para ver no que dava, os gritos começaram...

Ódio, suas vozes agudas entravam em meus ouvidos como faca cortante, não aguentava mais. Respirei fundo, mas o ar também não cooperava, estava quente demais, por causa dos malditos gritos fechei a janela. O ar parecia estar chegando ao fim a falta dele me estrangulava.

Os gritos ficaram mais altos, eu buscava um ar praticamente inexistente, meu corpo se debatia na cama com um desespero ímpar. Por alguns momentos meu cérebro parecia aceitar o fato de que alguém estava pesando o corpo sob o meu enquanto tentava tirar minhas forças com suas mãos em meu pescoço e um barulho ensurdecedor.

Eu estava sendo torturada e não compreendia como podia estar raciocinando tão friamente, é como se apesar de estar odiando tudo aquilo, sabendo da presença da morte, também sentisse prazer. Ou, simplesmente, algo me convencia da impossibilidade do acontecimento.

Senti meu corpo transpirando e o coração acelerando mais ainda. Minhas juntas já não doiam e meu corpo parecia relaxar, não tremia mais, estava parado. Os gritos ficavam cada vez mais distante, meus braços descansaram. No lugar do peso, seu rosto se juntou ao meu, senti uma respiração quente, então, meus olhos fecharam!

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