Bailando

Deu um pique para entrar no vagão lotado, não podia aguardar o próximo e, ao mesmo tempo, a música parecia lhe impulsionar.

Se ajeitou e em questão de segundos sentiu o gelado da porta fechando em suas costas. Estava um pouco abafado, mesmo com o ar-condicionado ligado, então deixou suas costas quentes mais achegadas àquela refrescante porta.

A música chegou ao seu nível maior, não pode se segurar, começou pelo balançar das pernas e mãos, então o quadril começou a ritmizar e acompanhar a batida, os olhos fecharam e os braços se abriram.

Ainda sem se afastar completamente da porta - que parecia instigar seu movimento -, se mexia, dançava livremente, com certa sensualidade. A música parecia satisfeita e aumentava a intensidade para acelerar todo o corpo dela.

Então, o susto! A porta abriu, ela deu um rápido pulo para frente e abriu os olhos. Seus olhos depararam com todos os demais que estavam encarando-a. Ops! Ficou vermelha, afinal de contas a sociedade ensinou não ser ali o lugar para bailar.

Sorriu, deu as costas, sorriu novamente, para si mesmo, de um jeito maroto, aumentou o som e continuo sua caminhada travessa.

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