Arte política?!


A Fundação Bienal de São Paulo (FBSP) busca, em parceria com o Programa Brasil Arte Contemporânea, envolver e aproximar o mundo global das artes à população. A proposta será de mesclar todas as principais artes distribuídas pelo mundo em um único espaço.

Em sua 29ª edição, a Bienal de Artes decidiu articular a arte e a política, o seu vínculo presente, direta ou indiretamente, muito propício para o momento vivido no Brasil, isto é, eleições presidenciais. Pensando nesta proposta, a edição deste ano procura aproximar o ser humano ‘comum’ do artista, colocando o artista como alguém responsável, através de sua arte, em auxiliar na formação social. “Uma celebração do fazer artístico e uma afirmação de sua responsabilidade perante a vida”, afirma a curadoria.

Carolina Teixeira
Por essa razão, se predispõe a levantar questionamentos nos visitantes com relação ao cotidiano e seu modo de viver. Teoricamente, este posicionamento mais ‘responsável’ seria válido, de certa maneira, até articularia em conjunto com os debates da sustentabilidade mundial. A necessidade de uma sociedade mais integrada com o todo, para se desenvolver com mais qualidade ao invés de somente quantidade.

Entretanto, se tornou um pensamento extremamente subjetivo. Aos visitantes presentes nesta edição fica a dúvida do assunto discutido. Não há uma orientação natural nos posicionamentos das obras apresentadas, bem como uma temática visível no caminhar da exposição.

Existe um excesso de imagens digitais e utilização de vídeos, o que, de certa forma, contraria a fala do curador com relação a função da Bienal de Artes, que a defende como um evento de “insubstituível aproximação com as obras – cujas imagens digitais na tela do computador jamais provocarão...”. E são tão mal trabalhadas que foi possível observar muitos visitantes de costas para os vídeos.
Carolina Teixeira
Algumas obras ainda se agarram ao momento de grandes discussões ambientais, como é o caso da obra que utiliza várias caixas de papelão para construir espaços ‘utéis’, entretanto, se discute se a arte permanecerá cumprindo o seu papel de ‘obra de arte’ a partir do momento em que se dispõe como algo funcional. Contudo, não se posicionam, contra ou a favor, do meio ambiente ao esparramar tantos jornais em determinado espaço ou, utilizar (desperdiçar) tanta água em uma apresentação externa.

Talvez a confusão vista no formato da 29ª Bienal seja uma releitura da atual sociedade quanto a sua posição a tudo o que está acontecendo, isto é, há mais desordem do que ordem. Ou, talvez, era para ser inexpressiva e permitir que um trio de amigos, fizesse muito mais sentido em seu mini flash-mob a favor da natureza. Quando eles surgiam, dois vestidos de sacos preto de lixo, com falas sobre reciclagem, e o outro parado como a pensar o que fazer com aquele lixo, todos paravam, deixavam de lado o mundo da arte, para desvendar essa atitude. Mais reflexiva, mais política, mais artística e muito mais sustentável.

Carolina Teixeira
Horários de funcionamento
De 2ª a 4ª feira: das 9 às 19h.
5ª e 6ª feira: das 9 às 22h.
Sábado e domingo: das 9 às 19h.
Parque do Ibirapuera
Entrada gratuíta

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