Vote nele, ele é meu vizinho!

Me ajeitei no banco do ônibus, peguei meu livro e comecei a leitura. Ao fundo uma voz de criança gritava desesperadamente:

- Oh, moça! Oh moça! Moçaaa!!!

Continuei concentrada. Não vinculei o grito a minha pessoa. O ônibus estava cheio, com várias moças. Então, fui surpreendida com a presença do guri ao meu lado.

- Oi moça. - Ele sorriu e esticou a mão me entregando um santinho de político - É o Ticiano.

Peguei o santinho e agradeci. Ele sorriu e antes de partir fez questão de informar:

- Ele é meu vizinho.

Voltou para o seu lugar. E começou a gritar - Armênia, Armênia - como se fosse o cobrador de uma lotação. Mais passageiros entraram e foram recebidos pelo santinho e a celébre e, importante, informação - É meu vizinho!

Ele devia ter uns 7 anos. Ainda não pode votar, mas faz questão de participar.

São situações como esta - em vésperas de eleição, causos perdidos e esperanças destruídas -, que nos fazem repensar sobre a nossa participação e envolvimento com a política brasileira.

1 Comentários

  1. Anônimo10:54 AM

    É impressionante como nos desinteressamos pela política neste país; o pessoal está mais interessado em justificar a ausência do que em acompanhar as propostas dos candidatos; é incrível.
    Bem, eu, se pudesse, votaria nessas eleições, porém eu não consigo mudar o mundo sozinha, infelizmente.

    Belo post, Carolina.
    Beeijos ♥

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