Um passo

O dia despertou com um espreguiçar diferente. A coberta não havia se movido, naquela noite derá o seu melhor para proteger, da noite gelada e solitária, o corpo que ali estava em repouso. Não solitária por estar sozinha, mas sim, por ter sido obrigada a dizer adeus àquele que acabara de abraçar, beijar, acariciar...

A lembrança e o sorriso na face surgem com o bom dia saboroso. Ao mesmo tempo, anseia por levantar, deseja ficar debaixo daquelas cobertas com seus pensamentos, lembranças e vontades realizadas. Mais uma vez o flash back mental é acionado automaticamente, a fim de confirmar a veracidade dos fatos.

Ainda não parecia ser possível. Driblou o medo, o receio da perda - incrível como consegue ser pessimista - e, em um dos momentos únicos de suas ações permitiu ser menos racional.

Apenas um problema a ser resolvido. Uma resposta e solução deveria ser encontrada. E, então, após a pergunta, soada trêmula e quase impossível de ser ouvida, a resposta. Um sorriso. O beijo... Nele a deliciosa sensação de que não apenas um, mas, dois, ansiavam por este momento.

A cumplicidade, a primeira vez que se cruzaram, o certo, o errado, o rock e o jazz. Tudo ali, junto, pareciam criar a mais perfeita harmonia no encontro de seus lábios. O resto não importava, apenas vivenciar de forma inesquecível aquele momento tão singular. Sem amanhã, apenas o agora.

Uma respiração mais profunda, o aroma do café, a certeza do quão bom é viver a vida com intensidade.

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