Sem órbita

Alguns nascem com a missão de deixar outros fora de órbita, só pode ser, não consigo pensar diferente disso, principalmente após ter desligado meu telefone. Sim, eu estava fora de órbita. É verdade que sempre dizem: Emma você vive fora de órbita. Mas não é verdade, às vezes, a situação é realmente diferente, talvez fora de órbita seja pouco para descrever o momento.

Não consigo acreditar, acabei de ter uma conversa no telefone com ele. Após tanto tempo e, para não variar, ele mais uma vez se superou na surpresa. Hunf, tenho certeza, ele está rindo agora mesmo da situação. Absoluta certeza ele sabe, melhor do que ninguém, que minhas pernas não estão se comportando bem e não poderei levantar nos próximos 30 minutos, no mínimo.

Entre o sorriso tímido e bobo no rosto e o ódio, também bobo; tudo fica bobo nesses momentos, olhei para os lados a fim de confirmar que ninguém notará as minhas reações, poxa vida, ele não precisava ligar no trabalho. Como assim? Ele ligou no trabalho!! Não tive nem tempo de preparar como falar ao telefone, atendi com a naturalidade de quem atende um telefone no trabalho.

- Emma, Henrique na linha 2.
- Obrigada.
- Bom Dia...Olá Henrique tudo bem? - Não, eu ainda não sabia que era 'o' Henrique.
- Oi linda, porque anda tão formal comigo...

Pronto, forá o suficiente para me deixar sem rumo. Derrubei a água que estava na mesa, minha respiração pifou, tentei segurar a surpresa com entusiasmo, dúvido que ele não tenha reparado. E respondi...

- Hum, ah, Oiiii!! Uau, que surpresa! Quanto tempo. É parece que só assim para você ligar hem!?
- Ah amor não fala assim. Mas, me diz, posso saber porque tanta formalidade comigo? Não era assim...

Nesse momento apenas ri. Gostei de saber que a responsável por aquela ligação fora eu. Isso porque não tinha elaborado nada, não era daquelas situações tipo Cebolinha. Apenas respondi um e-mail, assim, ele perguntou eu respondi, nada demais. Bem, não podia perder o momento e continuei na 'formalidade' do e-mail.

- Imagina...Você achou formal? Mas então, deu certo, era aquilo mesmo que queria?!
- Ah sim, muito obrigado. Mas não foge do assunto, ainda não sei porque falou comigo daquele jeito.
- Ué Henrique, já expliquei, não falei de forma 'diferente'. Apenas especifiquei a sua solicitação.
- Está vendo...está fazendo de novo! Não fala assim comigo...Emma, Emma...
- E você Henrique? Tudo bem?

A conversa prosseguiu, claro, sempre que conversamos ela nunca é séria do começo ao fim. Com toda certeza nossa relação é a mais estranha que já tive, além da mais viciante. Cortei o papo logo, achei a explicação suficiente, mais até do que ele merecia. Até porque, não tinha o que explicar.

Aí pronto, o resultado foi: essas minhas pernas não me obedecem mais. Eu achando que já estava mais do que preparada para um momento desse e não foi bem por aí. Minha cabeça está a mil, volto a elaborar vários planos Cebolinha. Se algum deles colocarei em prática ainda não sei, mas caso aconteça, passo por aqui para contar.

Antes preciso encontrar minha órbita e ficar de pé...



Emma é a minha mais nova personagem e ainda vivenciará muitas aventuras e estórias no coisas da vida.

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