Reencontro

Fazia tempo que não falava com ele, não porque não queria, pelo contrário, diversas vezes tentou, porém sem resultado. Não compreendia a distância, se soubesse que o quê viveram traria essa consequência preferia não ter vivido. Não perdia muito, mas era especial de alguma forma, assim, sem mais nem menos. Queria apenas um olá.

Resolveu deixar isso de lado e se ocupar com aqueles que te queriam tão bem e, faziam questão de demonstrar. Aceitou o convite de ir em uma apresentação. O palco à frente era preparado para a palestra. Muitas cadeiras foram disponibilizadas para que o público se sentisse realmente confortável. Mais uma daquelas palestras interessantes, porém, por alguns segundos tinha mergulhado de tal forma no ambiente que esquecerá o que seria discutido.

Depois que sua cadeira foi oferecida, sentou, recebeu um beijo carinhoso no rosto e falou 'até mais'. Não, não estava sendo deixada sozinha, acontece que a pessoa que a acompanhava era responsável pela palestra. Confortável estava e já com os pensamentos completamente focados na situação, abriu um sorriso de satisfação e relaxou. Afinal de contas, nada poderia atormentá-la ali.

- Com licença, alguém está sentado aqui? Perguntou enquanto apontava para as duas cadeiras vazias ao seu lado.
- Não, fique à vontade. Respondeu sorrindo.
- Obrigada.

Era uma moça de cabelos pretos, estatura mediana e de aparência normal, nada de muito diferente. Belo ao extremo ou feio ao extremo não compunham sua estética. Voltou a atenção ao palco. Por alguns segundos, seus olhos observaram pela lateral que o companheiro daquela que estava ao seu lado chegará, e sem saber o motivo, virou o rosto em sua direção, talvez um reflexo natural. Quando seus olhos encontraram-se diretamente com os dele. Empalideceu.

- Olá! Ele dirigiu a palavra a ela.

Engasgou. Não sabia se devia responder. A quanto esperava apenas por esse 'olá'. O coração disparou e sentiu um suor nas mãos. Não era possível. Tantas cadeiras e ele estava ali. Do lado, quer dizer, do lado da moça que estava do seu lado.

- Oi! Cumprimentou com um aperto de mão. Nem parecia que se conheciam a tanto tempo e, que já tinham tido uma história juntos.

Essas foram as duas únicas palavras que trocaram. Ambos sentaram em seus lugares. E a palestra iniciou. 'O que ele está fazendo aqui? Ele nem gosta dessas coisas! Porque está sentado do meu lado? E quem é essa pessoa que está com ele?' Sua cabeça não deu mais sossego durante toda a palestra, torcia para que ninguém solicitasse uma crítica detalhada, pois com certeza fracassaria.

Hora do intervalo. Era uma palestra de duas etapas. Nem se movimentou. Resolveu ficar em pé para esticar as pernas e tentar pensar, ou absorver melhor o acontecimento. Quando achou que poderia lidar com a situação e que nada mais aconteceria, afinal de contas, ele já tinha dito o 'olá', sentiu alguém se aproximando. Foi quando se deu conta de que apenas ela e poucas pessoas permaneceram no salão. Ele deu um empurrãozinho de leve, como fazia tempos atrás para chamar sua atenção, e perguntou como estava.

Ela não conseguia compreender aquilo. Como tinha o poder de desaparecer e quando aparecia, conversava como se nunca tivesse excluído ela de sua vida. Tentaram conversar, e conseguiram. Pois ela sabia que eles tinham algo especial. Ele também sabia. Na conversa, as brincadeiras de sempre, nada de perguntas complicadas de serem respondidas, ou cobranças do que não foi feito. Eles se entendiam.

Ele acendeu o cigarro, deu uma tragada.

- O que aconteceu?! Você tinha parado!
- Não sei. Falou enquanto sorria e contraia o ombro de pouco preocupado. Adorava irritá-la, sabia que ela não gostava daquela fumaça.

Ela ficou um pouco brava e ao mesmo tempo teve vontade de abraçá-lo e não soltar mais. Sabia qual fora a razão de ele ter parado e, talvez, no fundo, a razão do retorno.

Por mais que ambos se esforçassem era impossível. Ele ainda a olhava como antes, então porque nunca respondia seus recados?! Ele ainda a acariciava e tratava como sempre fez, então porque fazia questão de desaparecer?! Talvez a impossibilidade não machucava apenas ela, e sim, surpreendentemente ele também. Quem sabe ele mesmo não acreditava que fora tocado.

Como sempre, deram tchau sem o tom do adeus. Nunca falavam adeus, mas também nunca pronunciaram o até mais. A sensação de que ainda viviam próximos parecia agradar e por esse motivo, evitam palavras que esclareciam que isso não era mais verdade. Ela seguiu pela direita respondendo ao aceno de seu companheiro e ele saiu pela esquerda apagando com a ponta do pé o cigarro, na busca da garota dos cabelos pretos.

2 Comentários

  1. AMINAl!!


    são tantos comentarios q queria fazer
    que nem cabe aqui!euahueae

    beijos caa!!
    saudadess!

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  2. Anônimo8:59 PM

    Os eternos encontros e desencontros, né?! A vida está repleta de momentos assim e não há como fugir: quando menos se espera, o olhar reconhece o familiar rosto e, aí, o coração já dispara.

    Momentos assim são mais fortes do que tudo e não há como raciocinar direito... O jeito é sentir e, depois da surpresa inicial, analisar o acontecido.

    Fácil não é, mas momentos assim são totalmente INTENSOS e, com certeza, inesquecíveis!!!

    Beijos

    PS= Adoro teus textos!

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