É Verão!

Ah o verão!!! Muito calor, muita canseira, muita água e café gelado para beber, volta às aulas, ônibus e metrô entupidos e abafados.
O cotidiano volta a ser como era, com o detalhe de os raios solares estarem mais fortes e mais quentes. O retorno noturno ao lar-doce-lar, após um árduo dia de trabalho e aulas não tão empolgantes.

Antes mesmo do sinal bater a correria para escapar, pelo menos, do tráfego dos elevadores. Cada novo ano parece que não são suficientes.
- Opa, chegou...
- Xii, tá cheio...
- Não! Não! Entra só não cabe quando apitar.
- Apitou! Desce, desce.
- Eu não vou.
- Eu também não.
- Caramba, sempre sou eu, está bem ...fui.

Outro apito avisa que mais um chegou. Correria.
- Aeee tá vazio.
- Iuhuuu.
- Tá dominado!

Pronto. E a noite nem começou, esta foi apenas à primeira fase da saída, afinal, a catraca aguarda ansiosamente por todos. Como nada é como deveria ser, sempre tem um cartão que resolve se divertir a custa do dono e trava. Pode ter certeza que ele ri, aponta o dedo e diz:
- É minha vingança pelo modo como me trata!
São temperamentais.

- Opa, dá licença.
A muvuca agora é na calçada, todos querem ir contra as leis da física e ocupar o mesmo espaço. Mais correria:
- Vou perder o trem.
- Nem fala! O metrô vai bombar!
- Xii, tem jogo hoje?
- Pêra eu!!!!

Entre licenças, trombões, pisadas no pé, risadas e quase atropelamentos, chega-se ao metrô:
- Vou comprar passe!
- Droga, meu cartão pifou.
- Tenha fé!
- Corre, corre.
- Que calor!
- Caramba, a escada está quebrada de novo!!!

Espera o metrô. Momento de intensas e importantes análises do ambiente ao redor.
Todo mundo dentro do vagão apertado, no três e após respirar fundo a baldiação.
- Pô, não empurra!
- Aí meu pé!
- Tinha que deixar essa mochila aí?!
- Sem noção!

A escada diminui a cada dia que passa. A turma é forçada a se dividir, questão de sobrevivência, o vagão passa e o adeus é dado de longe.
Não deu para segurar a porta. Tudo bem compreensivo. Próximo. Tão cheio quanto, a cada parada o barulho aumenta, calor, caras feias, cheiro forte e o chão preto é tomado pelo colorido dos pés.
- Troca de lugar.
- É mesmo fica mais fácil para descer.

Todos, sério parece que o vagão inteiro se amontoou na porta, a estação está chegando é preciso estar preparado...apontar...fogo!!!
- Ei, a porta não abriu!
- Não abriu?!
- Não.
- Corre!!!
- Segura a porta, segura.
- Caramba.
- Sai da frente!!!!!!
- Eita porque não abriu?
- Doideira.
- Quê tá fazendo?
- Estou segurando, a outra não abriu!
Ufa! Saí! Respiro um pouco de ar gelado e refrescante. Acelero! Subo a escada, pego o vagão. A esperança de que amanhã o professor libere mais cedo.

É o verão!!! A noite de verão!!! Eu adoro o verão!!!

1 Comentários

  1. Anônimo9:53 PM

    Carol, viver numa cidade grande é realmente terrível. Os meios de transportes coletivos são um caso a parte em nosso cotidiano... Sorte que você conseguiu absorver a situação em sua forma literária e profunda. Goste da sua análise e do seu toque de humor no decorrer da narração. Ótimo! Beijos :)

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